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Campanha ‘Braços abertos para adoção’ é lançada com música, bênção de Natal e distribuição de presentes por Papai Noel para crianças e adolescentes
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 23/12/2021 20:01

                                               Thayane e os três irmãos recebem presentes das mãos do Papai Noel 

Natal é tempo de compartilhar amor, fazer o bem e renovar a esperança. Foi com esse espírito fraternal que o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), o Santuário Cristo Redentor e o Trem do Corcovado proporcionaram um Natal diferente para 49 crianças e adolescentes que vivem em abrigos e instituições do Rio e Grande Rio parceiras das Varas da Infância, Juventude e Idoso, muitas delas disponíveis para adoção.  

A ideia era que na manhã desta quinta-feira (23/12) o grupo  visitasse, pela primeira vez, um dos principais pontos turísticos do mundo, o Santuário Cristo Redentor, mas a chuva impediu o passeio. Mesmo com a mudança de planos, não faltaram sorrisos, música, encontro com o Papai Noel, distribuição de presentes, lanches e muita animação.  

Transferido para Paróquia São José, na Lagoa, Zona Sul do Rio, o evento de lançamento da campanha ‘Braços Abertos para Adoção’, que visa incentivar a formação de novas famílias para os menores que vivem em abrigos, reuniu crianças e adolescentes de seis abrigos e instituições do Rio e Grande Rio (São João de Meriti, Duque de Caxias e São Gonçalo) parceiras das Varas da Infância, da Juventude e do Idoso, que estão sob Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas da Infância e Juventude e Idoso (Cevij). Padre Omar, reitor do Santuário, também presente na cerimônia, abençoou os pequenos e jovens visitantes e prometeu que a visita ao Corcovado está mantida.  

“Estamos na antevéspera do Natal, a festa da esperança. Que bom estarmos aqui reunidos, celebrando esta importante parceria já consolidada com o Tribunal, distribuindo carinho, amor e acolhimento. O tempo não ajudou, mas o passeio ainda vai acontecer”,  garantiu o sacerdote.  

No estado do Rio, existem 283 crianças disponíveis para adoção, de acordo com o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA) e o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Desse total, 89% são declaradas pardas ou pretas, a maioria é do sexo masculino (57,6%) e mais da metade tem mais de 12 anos de idade.  

Uma delas é Thayane Fonseca Marinho, de 17 anos. Ao lado dos três irmãos, Taun, de 16 anos, Gabriel, de 14 anos, e Luis Felipe, de 11 anos, Thayane sonha com um futuro promissor. Os quatro estão em acolhimento familiar – uma situação provisória, prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), para crianças e adolescente afastados da família biológica. Durante esse período, os menores são acolhidos por famílias devidamente cadastradas e selecionadas pelas varas de infância e juventude.   

“Vivemos com uma família em Campo Grande e tenho mais três irmãos ‘de coração’. Se eu pudesse pedir algo de Natal hoje, gostaria de começar, em 2022, a minha faculdade de Pedagogia. Fiz o Enem, mas ainda estou esperando o resultado. Quero ter estabilidade para proporcionar uma vida boa para os meus irmãos. Se eu pudesse fazer mais um pedido, gostaria de ser adotada pela família que convivemos. Lá temos suporte, carinho e muito amor”, revelou a jovem.  

Vivendo no abrigo Casa de Passagem Futuro Feliz, em Duque de Caxias, Região Metropolitana do Rio, Luís Gabriel da Silva, de 16 anos, exibia no pulso o relógio que acabará de ganhar do Papai Noel. Durante a pandemia, o jovem perdeu a mãe. O pai não chegou a conhecer.  

“Fiquei andando pelas ruas até que resolvi pedir ajuda. No abrigo tenho carinho, atenção, lugar para dormir, o que comer e posso estudar”,  contou o rapaz que nem imagina que vai ter a oportunidade de começar a trabalhar no ano que vem. 

“No abrigo trabalhamos para que eles tenham autonomia e que possam um dia trilhar um caminho de sucesso. Gabriel ainda não sabe, mas já está com 2022 encaminhado. Vai ser Jovem Aprendiz, trabalhando no administrativo da Fetranspor” anunciou a coordenadora do abrigo, Maria da Penha Santos.  

Para o presidente do TJRJ, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, o Judiciário do Rio deve ir além da prestação jurisdicional e abraçar causas importantes, como a adoção. 

"Devemos dar visibilidade a essas crianças porque a adoção é uma causa que deve unir todas as forças, principalmente a sociedade. Quando conseguimos proporcionar um futuro melhor para elas, todos ganham. Sabemos que não é um processo simples, muito pelo contrário, é muito cuidadoso. A relação entre a família e o adotado precisa de um certo tempo para maturar até chegar a um final feliz. Para 2022, esperamos uma maior participação da sociedade”, disse o presidente do TJRJ.

Cantando e tocando violão durante o evento, o juiz titular da 4ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca da Capital, Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, contou que o maior desafio no processo de adoção é mostrar para os habilitados crianças e adolescentes reais.  

“Costumo dizer que não procuro uma criança ou adolescente para a família, mas sim uma família para essas crianças e adolescentes que estão aptos para adoção. Precisamos dar mais visibilidade no sentido de ampliar o perfil que é procurado, que na maioria dos casos são de crianças de 0 a 3 anos, sem irmãos e saudáveis. Para ampliarmos essa descrição, precisamos promover mais encontros entre habilitados e aptos para adoção. Desses encontros, surgem muitas adoções, inclusive de um perfil que não era pretendido inicialmente”,  explicou o magistrado.  

Para a Juliana Kalichsztein, titular da Vara da Infância, Juventude e do Idoso de Duque de Caxias, eventos como o desta quinta-feira precisam entrar no calendário anual do Tribunal de Justiça do Rio. 

“Este precisa ser o primeiro de muitos. ‘Braços abertos para adoção’ traz uma mensagem de cuidado e de carinho. Essas crianças e adolescentes acolhidos têm um histórico muito triste de vida, vieram de situação de risco e de muita carência afetiva. Iniciativas como essa, trazem esperança, acolhimento, sentimento de que estão sendo cuidados e preparados para o futuro”, destacou a juíza.  

Entusiasta do projeto, o desembargador Wagner Cinelli, prestigiou o evento, que também contou com as presenças do juiz Sandro Pitthan Espindola, do advogado Wagner Nascimento e de representantes dos abrigos, entre outros. 

IA/FS