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III Tribunal do Júri da Capital julga policial militar acusado de matar jovem em Manguinhos
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 05/03/2024 18:40

O III Tribunal do Júri da Capital julga, nesta terça-feira (5/3), o policial militar Alessandro Marcelino de Souza, acusado de matar Johnatha de Oliveira Lima, de 19 anos, em Manguinhos, na Zona Norte do Rio, em 2014.

O julgamento começou no início da tarde,  às 12h, e, pela acusação, a primeira testemunha a depor foi Glicélia Souza, vizinha e amiga de infância de Johnatha de Oliveira Lima. Ela relatou que o crime aconteceu quando levava o filho para tomar açaí após buscá-lo na escola no final da tarde, disse que ouviu barulho de tiros e correu com a criança para o interior da loja em busca de abrigo. Na correria, não teria visto de onde partiu o disparo que atingiu a vítima, mas, ao sair do local, verificou que Johnatha estava desarmado e caído no chão com ferimento, sendo socorrido por moradores da região para a UPA. Segundo ela, os moradores comentavam que os disparos contra a vítima partiram dos policiais.

Fátima dos Santos foi a segunda a depor no plenário. Ela estava na rua com o filho e disse que viu três policiais no momento do crime, mas não testemunhou o disparo. Ela lembra que um deles colocou a mão nas partes íntimas, o outro estava agachado e o terceiro distante do local após escutar uma rajada de tiros. “Meu filho disse: Johnatha está baleado”, contou e, em seguida, viu pessoas andando na direção dos policiais militares jogando pedras neles.

Já a perita da Polícia Civil, Izabel Solange de Santana, durante o interrogatório, narrou que, das 12 armas recolhidas para perícia técnica (sendo 9 pistolas e 3 fuzis), uma foi compatível com a que atingiu Johnatha.

A tia de Johnatha, Patrícia de Oliveira, foi a quarta a ser ouvida. Ela contou que ficou sabendo do crime pelo primo.

“Foi tudo muito rápido. Recebemos a informação que ele foi baleado nas costas, fui à UPA e disseram que estava morto, sendo que vi policiais circulando no interior da UPA e não haviam socorrido meu sobrinho. Quando fui na delegacia registrar boletim de ocorrência, descobri que policiais que teriam participado da ação prestavam depoimento como auto de resistência”, disse Patrícia.

No decorrer do depoimento, Patrícia confirmou a informação de que ocorreu uma manifestação da população em razão da morte de Johnatha e revoltados atacaram contêiner da UPP de Manguinhos.

“Eu tive a ‘missão’ de conseguir testemunhas que concordassem em prestar depoimento em favor de Johnatha. O que aconteceu foi uma covardia. Ele era um jovem bom, sonhava em seguir a carreira do Exército e era apaixonado pela namorada. Se não fosse o braço armado do Estado, ele estava entre nós. Minha irmã criou com muita dificuldade ele e os outros dois filhos. Para uma mulher preta e moradora de favela é muito difícil tudo. Atualmente, ela lidera o movimento ‘Mães de Manguinhos’ que presta auxílio para familiares de vítimas da violência assim como a que Johnatha sofreu”, afirmou.

O julgamento continua com os depoimentos das testemunhas de defesa. Em seguida, o réu será interrogado. Depois, acontecem os debates entre acusação e defesa.

SV/MB