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Evento na 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso promove integração entre o Judiciário e a sociedade
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 06/03/2018 17:08

Fomentar maior integração entre o Judiciário, o poder público e toda sociedade civil para proteger e priorizar a infância e a juventude.  Esse foi o objetivo do evento realizado nesta terça-feira, dia 6, pela 2ª Vara da Infância, da Juventude e do Idoso durante a II Semana de Valorização da Primeira Infância. “As dificuldades e as necessidades são muitas, mas temos pessoas que fazem a diferença”, afirmou a juíza titular da vara, Glória Heloiza Lima da Silva.

“O Judiciário não pode estar sozinho. A justiça não é feita apenas por um único personagem. Só conseguimos ter efetividade com a responsabilidade social de cada um como profissional, cidadão, pai, mãe”, afirmou a magistrada, destacando que, além de futuro, uma criança representa ingenuidade, felicidade e um fruto da nossa nação. Para ela, são fundamentais para crianças e adolescentes saúde, escola, amor, convivência familiar e dignidade.

A juíza ressaltou ainda que é necessária uma aproximação maior entre o judiciário e as famílias a fim de estabelecer um vínculo de confiança. “Como uma família vai confiar em um juiz, se ele é distante dela?”, questionou, defendendo uma justiça restaurativa, que trabalhe de forma horizontal, com parcerias, e mais humanizada. “Nosso trabalho não é fácil, por estar atrelado à afetividade”, disse. 

A desembargadora Ivone Caetano, também presente no encontro, lembrou que a primeira infância – que vai de zero a seis anos incompletos – é o período mais importante da vida do ser humano, quando o cérebro é formado. “Sem os devidos cuidados neste período, por mais que se tente consertar, sempre haverá alguma dificuldade” afirmou.

A diretora da Unidade Municipal de Acolhimento Ana Carolina, Aline Pessanha, fez uma exposição sobre as boas práticas nos cuidados da primeira infância, ressaltando a valorização da unidade de acolhimento, que não é um lugar de escolha, mas sempre algo imposto por uma medida de proteção. “O abrigo não tem que ser bom, tem que ser maravilhoso”, afirmou, destacando a necessidade de vínculos reais que gerem segurança, proteção e desenvolvimento e de qualificação do tempo de acolhimento com experiências positivas. “Não podemos fazer do acolhimento um parênteses na história da criança”, ressaltou a diretora.

Em seguida, a psicóloga Aline Diniz, da equipe técnica da 2ª Vara da Infância, falou sobre a Abordagem Pikler nos cuidados da primeira infância. A técnica busca dar à criança o vínculo e ao mesmo tempo a independência de que ela necessita para se desenvolver em plenitude.

Em sua fala, ela abordou os efeitos da ausência de cuidados adequados na primeira infância, entre eles, impactos no desenvolvimento físico, cognitivo e deficiência nutricional. De acordo com a psicóloga, cuidados apropriados envolvem estabelecer comunicação olho a olho, falar com o bebê (ritmo, cadência e entonação), segurar e manter contato com a pele.

O evento contou ainda com a presença do secretário de Assistência Social do Município, Pedro Fernandes Neto, de representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública, de abrigos e de maternidades.

Saiba mais sobre a Abordagem Pikler:

Com o objetivo de acolher crianças que tinham sido separadas de seus pais durante a Segunda Guerra Mundial, a médica húngara Emmi Pikler fundou um abrigo, na cidade de Budapeste, em 1946. Mais de quatro mil crianças passaram pelo local e, ao acompanhar seu desenvolvimento, foi verificado que nenhuma delas apresentava sinais como apatia, falta de interesse pelo mundo exterior, atrasos no desenvolvimento afetivo, intelectual e/ou motor, que são comuns em casos de internamento prolongado em hospitais ou abrigos onde não é construído um vínculo afetivo. Ao contrário, as crianças do instituto chamavam a atenção pelo desembaraço, segurança, alegria, confiança no adulto e bom desenvolvimento emocional.

O resultado positivo foi creditado a um ambiente que permitia o desenvolvimento pleno das capacidades motoras e uma relação estável e afetivamente rica entre o cuidador e a criança, pilares que fundamentam a Abordagem Pikler.

Fotos: Felipe Cavalcanti/TJRJ

SP/JM

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