Museu da Justiça promove debate sobre inovações tecnológicas
Mediadora Izadora Alves, artistas Anderson Cruz e Guto Nóbrega e professora Kone Cesário participam de evento no Museu da Justiça
O avanço das novas tecnologias, como a inteligência artificial, já é uma realidade em diversas áreas, do entretenimento ao Direito, da natureza à animação. Mas, muitos questionamentos surgem sobre a sua presença nas artes e em muitos outros setores.
Para debater essas inovações e suas influências na prática jurídica, o Museu da Justiça promoveu, por meio do setor de Produção e Educação Patrimonial, o encontro “Diálogos que Inspiram – Arte e Tecnologias Emergentes”, em celebração ao Dia da Ciência e Tecnologia, comemorado em 16 de outubro. O evento ocorreu nesta segunda-feira, 20 de outubro, na Sala Multiuso do Edifício Desembargador Caetano Pinto de Miranda Montenegro.
“Até que ponto vamos utilizar, deixar e regular essa tecnologia, sobretudo no campo dos direitos autorais e da arte?”. Esse questionamento da professora de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Kone Cesário definiu a necessidade de pensar sobre como a inteligência artificial impacta e converge com o Direito, o mercado e as relações de trabalho dentro do mundo artístico.
“Essa tecnologia agrega, mas, também, pode trazer problemas. Por exemplo, ao pedir para a IA criar uma obra usando Van Gogh e uma Ferrari, estou apenas usando uma obra em domínio público ou criando algo? A discussão inclui o quanto uma obra gerada por IA se vale de outras já existentes”, completou.
Outro participante foi o artista 2D Anderson Cruz. Esse tipo de arte feita por ele se caracteriza pela criação de ilustrações em duas dimensões, o que une habilidades tradicionais de desenho e o uso de ferramentas digitais. Anderson relatou uma outra novidade no mundo tecnológico: o crescimento do streaming.
“Os serviços de streaming mudaram a forma de consumo audiovisual. Não é mais necessário esperar para assistir — todo o catálogo está disponível. O momento atual é de transição e muitos desafios, mas, também, de oportunidade para fortalecer o audiovisual nacional e assegurar condições dignas aos criadores”, afirmou.
A mediação foi conduzida pela arte-educadora do Museu da Justiça, professora e ilustradora Izadora Alves. Ela refletiu que, após um período de estudos e cursos voltados ao uso de diferentes tipos de inteligência artificial, passou a pensar sobre como essa tecnologia poderá, no futuro, ser incorporada ao ambiente escolar — de modo que as pessoas aprendam a conviver com a Inteligência Artificial, e não a depender dela.
O artista e pesquisador Guto Nóbrega também integrou a mesa de debate e destacou a união entre tecnologia, arte e natureza. Guto apresentou seus trabalhos experimentais envolvendo plantas e sistemas interativos, ressaltando que “a experiência artística não está no objeto, mas na relação que estabelecemos com ele”.
Em suas reflexões, abordou as plantas como organismos sensíveis e comunicantes, capazes de expressar inteligência e emoção. Para ele, a arte pode revelar novas formas de coexistência entre o biológico e o tecnológico.
VS/ SF
Fotos: Rafael Oliveira/ TJRJ