Mediação cresce mais de 70% no TJRJ e plataforma +Acordo amplia acesso a soluções com inteligência artificial
A procura por soluções consensuais cresce de forma acelerada no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). Em vez de esperar por uma sentença, cada vez mais pessoas optam por resolver conflitos com diálogo e acordo, com o apoio de mediadores e conciliadores.
O reflexo dessa mudança aparece nos números: entre janeiro e junho deste ano, os Centros Judiciários de Solução de Conflitos (CEJUSCs) realizaram 21.720 audiências, um aumento de 43% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram 15.199 sessões.
Esse avanço mostra a força da mediação como alternativa. Até junho, o volume de sessões cresceu mais de 70%. Na área de família, onde os casos exigem especial cuidado para preservar relações, o salto foi de 59%, chegando a 13.058 audiências — quase 5 mil a mais do que no ano passado. Também aumentou o número de consensos: foram 5.478 acordos, alta superior a 50%.
Para o desembargador César Cury, presidente do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos do Tribunal de Justiça do Rio (Nupemec), o movimento demonstra uma mudança de cultura no acesso à Justiça:
“A mediação ressurge no cenário do acesso à justiça como preferencial ao próprio processo. O crescimento nos CEJUSCs mostra que o cidadão está encontrando no diálogo e no consenso um caminho mais rápido e efetivo para resolver seus conflitos.”
IA para resolução de conflitos
Essa transformação ganhou reforço com a implantação da plataforma +Acordo, desenvolvida pelo TJRJ em parceria com a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio). O sistema digital utiliza inteligência artificial para analisar demandas, sugerir propostas e facilitar negociações em diferentes tipos de conflitos, sejam de consumo, empresariais, societários e de vizinhança.
O funcionamento é simples: a IA pode validar acordos automáticos com base em parâmetros das empresas, permitir negociação direta entre as partes ou contar com a intervenção de um mediador on-line. Se não houver acordo, a própria plataforma gera os documentos necessários para dar início a um processo judicial.
“Com a Plataforma +Acordo, o cidadão encontra uma solução de forma mais imediata, e as empresas ganham em agilidade, economia e fortalecimento de sua imagem institucional”, destaca o desembargador César Cury.
Além de democratizar o acesso à mediação, a plataforma traz impacto financeiro positivo: enquanto um processo judicial custa em média R$ 2.600 por ano no TJRJ, a mediação digital é mais rápida, menos onerosa e contribui para desafogar os juizados especiais e varas cíveis.
Clique neste link e acesse a Plataforma +Acordo.
A Emedi
A formação dos mediadores e conciliadores do TJRJ é conduzida pela Escola de Mediação do Estado do Rio de Janeiro (Emedi), criada em 2022 como iniciativa pioneira para difundir a cultura da consensualidade. A Emedi oferece cursos, eventos e programas de capacitação para magistrados, servidores e sociedade civil, com foco em técnicas de mediação, conciliação, comunicação não violenta e gestão de conflitos. No ano passado, a escola teve 130 turmas e capacitou 3.502 pessoas.