Trilha da Memória: servidores e magistrados do TJRJ revisitam passado da cidade
Cerca de 100 pessoas participaram da 5ª edição da trilha
Servidores, colaboradores e magistrados do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) participaram, na manhã deste sábado, 13 de setembro, da 5ª edição da “Trilha da Memória: uma jornada pela Pequena África”. A iniciativa faz parte do Programa de Cultivo da Memória, criado pelo Núcleo de Atenção e Promoção à Justiça Social (Napjus). Em um trajeto que percorre pontos históricos relacionados à chegada dos escravizados africanos ao Rio de Janeiro, o projeto promove reflexões sobre as desigualdades raciais ainda presentes no país.
“É um resgate histórico, não apenas para recordar a resistência que os escravizados tiveram de demonstrar durante todo o percurso de chegada ao Rio de Janeiro, mas, também, sobretudo, uma ação de promoção cultural”, afirmou a presidente do Comitê de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação no 2º Grau de Jurisdição (Cogen-2º Grau), desembargadora Patrícia Ribeiro Serra Vieira.
A desembargadora Patrícia Serra ressaltou que a trilha promove um aprendizado cultural
A caminhada foi conduzida pela servidora do TJRJ Tatiana Lima Brandão, formada em História e Turismo. Ao iniciar o trajeto, ela destacou que a atividade é uma oportunidade não apenas de conhecer melhor as raízes da cidade do Rio de Janeiro, mas, também, de compreender a própria história do Brasil.
Os quase 100 participantes iniciaram a jornada para revisitar o passado na Praça Mauá. A partir daí, o trajeto também incluiu a Igreja de São Francisco da Prainha, o Painel Hilário Jovino, a Casa da Escrevivência, a Pedra do Sal, o Mirante do Morro da Conceição, o Cais do Valongo, o Cais da Imperatriz, as Docas Pedro II, a Praça da Harmonia e o Cemitério dos Pretos Novos.
A servidora Tatiana Brandão (ao centro) conduziu o passeio histórico
Um dos participantes foi o servidor Sidney Pacheco, de 48 anos, que contou que “estava sentindo na pele” enquanto passeava pelo local. Ele reconheceu o valor da caminhada porque, mesmo tendo crescido na região, estava descobrindo muitos fatos históricos. “Hoje, eu nem estou tirando foto. Vim como ouvinte para participar e relembrar, estou revivendo a minha realidade, lembrando dos lugares pelos quais passei na minha infância. Também estou descobrindo e, talvez, desenterrando uma história que estava apagada até mesmo em mim”.
Além dele, a aposentada Neuza Bargerron, de 76 anos, revelou que o trajeto tem um significado especial devido à história de sua família, já que sua bisavó foi uma mulher escravizada. “Tem hora que é muito triste de pensar. Se eu, com 76 anos, subindo essas ladeirinhas, com essas pedrinhas, já é difícil, imagina naquela época, com lata na cabeça, carregando mercadorias. Faz parte do processo, relembrar essa parte muito importante na nossa história”, afirmou.
Bisneta de uma mulher escravizada, a aposentada Neuza Bargerron refletiu sobre as dores e lições de relembrar o nosso passado
Giuliana Paes, de 14 anos, disse que a trilha permitiu que ela conhecesse melhor a história da cidade. ”Eu não sabia de metade das coisas que a gente viu hoje, e pensar que isso tudo aconteceu onde a gente está pisando é muito assustador. Principalmente, pensar que essa é a Cidade Maravilhosa. É muito contraditório”.
Também participaram da caminhada o presidente da 16ª Câmara de Direito Privado do TJRJ, desembargador Antônio Iloízio Barros Bastos, e o presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB-RJ, Humberto Adami.
VM/MB
Fotos: Rafael Oliveira/TJRJ