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Fim da temporada da peça “Luiz Gama - Uma voz pela liberdade” emociona plateia no CCPJ
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 22/05/2025 19:31
Autor do livro sobre a história do abolicionista, o advogado, historiador e escritor Bruno Rodrigues de Lima participou de bate-papo com a plateia ao fim da apresentação

Os atores Deo Garcez e Soraia Arnoni, o advogado e escritor Bruno Rodrigues de Lima, a desembargadora Cristina Tereza Gaulia e o desembargador Wagner Cinelli conversam com o público presente sobre a importância histórica de Luiz Gama

A Sala Multiuso do Edifício Desembargador Caetano Pinto de Miranda Montenegro estava totalmente ocupada na noite de quarta-feira (21/05) para a última apresentação da peça “Luiz Gama - Uma voz pela liberdade”. Promovido pelo Centro Cultural do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro (CCPJ-RJ), o espetáculo fez parte do projeto “Justiça Em Cena” e recebeu cerca de 360 espectadores durante as três semanas de exibição. A última apresentação foi marcada por palmas e emoção.

Na noite de encerramento da temporada, o público ficou de pé para aplaudir os atores Deo Garcez e Soraia Arnoni, que levam a história de Luiz Gama pelos palcos há 10 anos. A peça traz relatos emocionados e os poemas satíricos que marcaram a trajetória do homem vendido como escravo pelo pai ainda na infância e que, por conta própria, aprendeu a ler e escrever para conquistar sua carta de alforria. Autodidata, Luiz Gama foi poeta, jornalista e advogado reconhecido pela OAB em 2015, 133 anos após sua morte. Com os conhecimentos que adquiriu, foi responsável por dar liberdade a mais de 700 escravizados. 

                                    Os atores Deo Garcez, que interpreta Luiz Gama, e Soraia Arnoni em cena. Eles participam da montagem há dez anos 

 

Bate-papo com autor 

Ao final da apresentação, a presidente do CCPJ-RJ, desembargadora Cristina Tereza Gaulia, fez agradecimentos ao público e enfatizou a importância da arte como forma de identificar problemas e melhorar a atuação de juízes e magistrados. “Nós queremos, através do teatro e da cultura, sonhar e mudar a cara do Judiciário. Para isso, precisamos conhecer as dores, as demandas e os erros históricos que a magistratura eventualmente cometeu, porque a história é a ampliação do conhecimento”, afirmou. 

Em seguida, ela convidou o advogado, doutor em História do Direito e autor do livro “Luiz Gama Contra o Império: a luta pelo Direito no Brasil na escravidão”, Bruno Rodrigues de Lima para um bate-papo sobre o legado do abolicionista. A obra é uma adaptação de sua tese de doutorado, que combina métodos de micro-história e biografia para explorar, principalmente, a atuação de Luiz Gama na área jurídica. 

Bruno Rodrigues contou aos ouvintes que iniciou suas pesquisas aos 14 anos, quando ouviu de “Tia Lula”, matriarca do Quilombo Brotas, localizado na cidade de Itatiba, em São Paulo, uma história sobre a passagem de Luiz Gama pela região. A partir daí, mergulhou de vez no universo de quem ele considera ser o maior jurista do mundo moderno e segue buscando formas de engrandecer seus feitos. “Temos que pensar em como levar o legado de Luiz Gama à frente no Direito, nas artes, no jornalismo, em áreas distintas do conhecimento humano, desfazendo o apagamento que ele sofreu”, disse.

Os atores Deo Garcez e Soraia Arnoni também participaram da conversa e relataram o orgulho de representar Luiz Gama. Para Deo, estar no palco e interpretar esse papel significa lutar contra o racismo. “Recuperar a memória de Luiz Gama é um instrumento da luta antirracista. Quando você pesquisa essas memórias e coloca no papel, é uma memória que não estamos deixando apagar. E estamos fazendo isso através da arte e do teatro”. 

Outro convidado para compor o bate-papo foi o desembargador Wagner Cinelli, presidente do Comitê de Promoção de Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação no 1° Grau de Jurisdição (COGEN - 1° GRAU). Ele parabenizou o CCPJ-RJ pela realização do espetáculo e citou a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi para destacar o legado de Luiz Gama. “A gente precisa reinicializar a cultura. Então, se a sociedade é o hardware, a cultura é o software. E o Gama, em sua época, fez a reinicialização que pôde e deu um upgrade no sistema.”

*PB/FS

*Estagiário sob supervisão de FS

Fotos: Felipe Cavalcanti