Ronnie Lessa e Cristiano Girão são condenados a 90 e 45 anos de prisão por duplo assassinato
A juíza Tula de Mello, que presidiu o júri, ouve depoimento de testemunha no início do julgamento, na quarta-feira
O III Tribunal do Júri da Capital condenou, no início da manhã desta quinta-feira (22/05), após mais de 18 horas de julgamento, o ex-policial militar Ronnie Lessa a 90 anos de reclusão e o ex-vereador Cristiano Girão a 45 anos de reclusão, ambos em regime fechado, pelas mortes do ex-policial militar André Henrique da Silva Souza, conhecido como Zóio, e da companheira dele, Juliana Sales de Oliveira, no dia 14 de junho de 2014. A sessão do júri foi presidida pela juíza Tula Correa de Mello.
Os réus participaram do julgamento a distância por já estarem presos. Ronnie Lessa, condenado pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, cumpre pena na Penitenciária de Tremembé, em São Paulo. E Cristiano Girão acompanhou o julgamento de uma unidade do Complexo de Gericinó, no Rio.
Presos, o ex-vereador Cristiano Girão e Ronnie Lessa participaram do julgamento através de videoconferência
O julgamento, iniciado às 13h30 de quarta-feira (21/5), durou mais de 18 horas, sendo concluído às 8h de quinta-feira (22/5). Ao anunciar o resultado, a juíza Tula Mello agradeceu aos jurados, “que representaram toda a população da Cidade do Rio de Janeiro”.
O crime aconteceu na Gardênia Azul, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Na ocasião, o casal passava de carro pelo local e foi emboscado, sendo atingido por disparos vindos de outro veículo. O duplo assassinato aconteceu em área onde Girão era apontado, pela polícia, como suspeito de comandar uma milícia. De acordo com a denúncia, Ronnie Lessa foi contratado para executar o ex-policial que seria rival do ex-vereador.
Na sentença, a magistrada pontuou a violência do caso: “ressalta-se a alta capacidade lesiva do autor do delito, sendo certo que foram realizados ao menos trinta e três disparos de fuzis AK-47 e AR-15, de calibres 5,56mm e 7,62mm, conforme depoimento de Ronnie Lessa e os autos de apreensão provenientes do processo, comumente conhecidos como armamentos utilizados em guerras mundiais. Isso por si só se trata de tamanha desproporcionalidade em relação às vítimas desarmadas, além de demonstrar-se uma afronta direta ao Estado do Rio de Janeiro organizações criminosas terem em sua posse armas de grosso calibre, utilizadas em contexto de guerras como da Ucrânia e Rússia, utilizando-as para o cometimento de intuitos criminosos, os integrantes dessa ORCRIM não temem a atuação do Estado e dos órgãos de segurança pública, e agem com o nítido intuito de causar temor generalizado na população, nas testemunhas do crime e de fatos correlatos, ainda afrontam a própria existência do Estado Democrático de Direito e dos Três Poderes do Estado Fluminense, diante do nítido desprezo pelas instituições e da crença desmedida na impunidade”.
Processo nº 0515767-28.2014.8.19.0001
SV/FS
Fotos: Brunno Dantas