Autofit Section
Prevenção à violência escolar é tema de curso no TJRJ
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 12/05/2025 11:04

A juíza Vanessa Cavalieri, titular da Vara da Infância e Juventude e coordenadora do Centro Judiciário de Soluções de Conflitos (Cejusc) de Justiça Restaurativa do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), conduziu na manhã de sexta-feira (9 de maio) o curso “Protocolo de Prevenção à Violência Escolar”. 

A atividade faz parte da Conferência Estadual de Mediação Escolar, realizada pela Escola de Mediação do Estado do Rio de Janeiro (Emedi), em parceria com o Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflitos (Nupemec).

O público que lotou o Auditório Desembargador Nelson Ribeiro Alves teve a oportunidade de ouvir relatos de pessoas que atuam na linha de frente em busca de um ambiente educacional mais harmônico e inclusivo. Raphael Pablo Carvalho, por exemplo, atua em rondas escolares na rede de ensino no Município do Rio de Janeiro ministrando palestras para estudantes do 5º ao 9º anos sobre temas como prevenção às drogas, poder da empatia, valorização da mulher, entre outros. 

Para Cláudia Belo, orientadora educacional do Colégio São Bento, a capacitação dos profissionais envolvidos na Educação é fundamental para a constatação de realidades que possam não estar tão explícitas a olhares sem treinamento. 

“Às vezes a gente também precisa cuidar para que os nossos professores, os nossos auxiliares de educação, todos que fazem parte dessa engrenagem, não sejam invisíveis porque são eles que vão detectar os pedidos de socorro que acontecem nas escolas. Num trabalho preventivo, você tem como evitar uma série de questões que, às vezes, chegam até a esfera da Justiça. Porque quando não se percebe que uma pessoa se sente invisível ou que a instituição não consiga perceber que algo de sério se passa, isso pode desencadear algumas coisas muito sérias como os ataques às escolas, tentativas de suicídio, agressão a outros colegas, a professores... Então, a nossa responsabilidade na escola é muito grande”, relatou a educadora.

O curso contou com a participação de 90 alunos– entre profissionais de educação, de escolas públicas e particulares, guardas de ronda escolar, integrantes da Polícia Militar, juízes, servidores e psicólogos. 

Durante a capacitação do "Protocolo Eu Te Vejo", a juíza Vanessa Cavalieri abordou a necessidade de um olhar mais humanizado para o tema. Ela acredita que essa diversidade é fundamental para que os conceitos sejam multiplicados em vários setores da sociedade.

“Não adianta a gente ter uma alta performance no conteúdo no ensino de Português e Matemática se as relações humanas estão adoecidas. A violência escolar não é o problema, ela é o sintoma, e a gente tem que olhar as causas dessa violência para a gente poder mudar a história e ter um ambiente escolar mais justo, mais pacífico, mais alegre, onde as pessoas tenham paz para aprender, para ser quem são, sem se sentirem inadequadas e para fazer parte desse todo”, enfatizou a magistrada.

O curso partiu de uma inquietação da juíza. Acostumada a lidar com casos sensíveis na área da infância e da adolescência, ela percebeu que os a sociedade só voltava os olhos para os jovens quando eles deixavam de ser vítimas e passavam a ser agressores – buscando punição e encarceramento (e consequente isolamento e invisibilização) mas ignorando o histórico de violações na família, na escola, no sistema de saúde e de políticas públicas que, muitas vezes, só existem no papel. A dinâmica das atividades abordou diferentes aspectos para uma melhor compreensão da questão.

“Há momentos de reuniões em grupo, uma aula só de justiça restaurativa, com um círculo simulado menor enquanto outro observa, aulas de treinamento para escuta especializada de crianças que revelam a violência na escola... Ou seja, cada aula tem uma dinâmica sempre com metodologias ativas”, explicou.

Entre os muitos participantes, estava Eliane Santos Vieira, coordenadora de uma creche comunitária em Niterói, região metropolitana do Rio. Hoje, mãe de quatro filhos e avó de seis netos, especializada em Neuropsicopedagogia, ela viu no evento a oportunidade de obter ainda mais conhecimento em prol de uma educação mais afetuosa que busque amenizar histórias nem sempre felizes.

“Eu tenho saudades da minha infância, da minha escola, onde minha mãe era muito atuante, ela foi uma mãe muito ativa. E quando eu a perdi, ainda muito nova, com 16 anos, enquanto cursava o segundo ano do ensino normal, fui muito acolhida pelos meus professores. Na minha formatura, eles estavam lá para entrar comigo, para eu poder fazer a colação. Então, comecei a fazer o mesmo envolvimento com os meus alunos tendo como referência o que fizeram comigo”, disse.

A mesa foi composta pela juíza Vanessa Cavalieri, a assistente social Cristiane de Castro Melo, Renata Fernandes de Araújo e Patricia Glicério, especialistas sobre o tema. 

O “Protocolo de Prevenção à Violência Escolar” faz parte das atividades do Mês da Mediação Escolar, que é promovido pelo NUPEMEC e pelo Conselho Administrativo pela Escola de Mediação (EMEDI), presidido pelo Desembargador Cesar Felipe Cury.

SV/MB

Fotos: Brunno Dantas/ TJRJ