Ação social “Justiça para a Pessoa Idosa” atende centenas de pessoas no Fórum Central
Centenas de pessoas idosas compareceram à ação social
“Justiça para pessoas que cuidaram de outras ao longo de toda a vida e que agora precisam de maiores cuidados”. Foi assim que a desembargadora Maria Aglaé Tedesco Vilardo, integrante da Coordenadoria Judiciária de Articulação das Varas da Infância e da Juventude e do Idoso (Cevij), descreveu a ação social “Justiça para a Pessoa Idosa”, realizada nesta quarta-feira, 10 de dezembro, no Fórum Central.
A iniciativa, uma realização da Secretaria-Geral de Sustentabilidade e Responsabilidade Social (SGSUS) do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) em parceria com a Cevij, atraiu centenas de pessoas idosas que foram ao local em busca de diferentes serviços oferecidos por dezenas de instituições e ONGs, como emissão de segunda via de documentos, certificação de união estável e apoio para inclusão no mercado de trabalho.
A presidente da Cevij, desembargadora Daniela Brandão Ferreira, destacou que este é o primeiro evento voltado para à justiça da pessoa idosa, lembrando da inauguração da Vara Especializada em Pessoas Idosas (Vepi), em janeiro passado, sendo a primeira deste tipo no país. “Antes, essas demandas normalmente ficavam na competência das Varas da Infância. Esse evento também é importante para divulgar a existência desse atendimento especializado”.
Desembargadora Maria Aglaé Tedesco Vilardo discursa durante a cerimônia de abertura da ação social
Já o secretário-geral da SGSUS, Carlos Eduardo Menezes da Costa, ressaltou a colaboração interinstitucional promovida pela ação, destacando que ela representa a “responsabilidade” do poder público. “Quando o poder público atua com responsabilidade, quem agradece é a sociedade. A procura que recebemos mostra que realmente falta atenção exclusiva voltada para esse público. Isso demonstra o comprometimento do Tribunal com sua responsabilidade social”.
O desembargador Elton Martinez Carvalho Leme acrescentou que eventos desse porte evidenciam a grande carência de serviços voltados às pessoas idosas, que muitas vezes enfrentam dificuldades de acesso aos canais de atendimento. Segundo ele, a iniciativa possibilita que a cidadania seja plenamente exercida.
Direitos Garantidos
Aluiso Mariano da Silva, 67 anos, e Ana Maria Rodrigues, 62 anos, estavam entre os que buscaram os serviços oferecidos. Residentes de Niterói, eles vieram à ação social por dois motivos: primeiro, para resolver uma pendência relacionada à identidade de Ana Maria; e, segundo, e muito mais especial, para oficializar o casamento após quase 40 anos juntos.
Aluiso, que recentemente deixou o Centro de Terapia Intensiva (CTI) devido à hipertensão, o que fez com que acelerassem seus planos, contou que já tinham a intenção de regularizar tudo há algum tempo, mas buscavam um meio mais acessível, já que as condições financeiras não eram favoráveis. “Foi uma coisa maravilhosa, foi uma coisa simples, nos trataram assim com o maior carinho, com o maior respeito. É um conforto e uma garantia dos nossos direitos”, contou Ana Maria.
Após quase 40 anos juntos, Aluiso e Ana Maria oficializaram seu casamento durante a ação
Além de possibilitar a oficialização de casamentos, a iniciativa também garantiu direitos que, embora à primeira vista pareçam relativamente simples, têm impactos significativos no dia a dia de quem os busca. É o caso de Cremilson Silva Santos, de 73 anos, que veio solicitar a segunda via do Jaé e do RioCard. “É muito importante para o meu dia a dia, para eu me locomover. Agora acabou o meu problema. Deveria haver ações assim com mais frequência”, disse.
Cremilson (no meio), durante atendimento para tirar segunda via do Jaé
Já Maria Luiza Guarnelli, de 75 anos, veio solicitar a segunda via da certidão de nascimento, já que a original estava em “péssimas condições”. “Quando fui tirar minha carteira de identidade, me pediram a certidão de nascimento original. Consegui fazer, mas ela estava muito velhinha”, contou. Aposentada há 25 anos, ela completou: “Às vezes, você precisa desses documentos para outras situações, mas não tem tempo ou oportunidade. Sem uma ação como esta, fica difícil conseguir”.
Também estiveram presentes na ação social a vice-presidente da Mútua dos Magistrados do Rio de Janeiro, desembargadora Monica Feldman de Mattos; a presidente da Fundação Leão XIII, Luciana Martins Calaça; a presidente da Comissão Especial de Atendimento à Pessoa Idosa da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Rio de Janeiro (OAB-RJ), Fátima Henriette; a procuradora da República Aline Caixeta; a coordenadora de Doenças Raras da Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro (SES-RJ), Cristina Pena; e a desembargadora aposentada do TJRJ Ivone Caetano.
VM/IA
Fotos: Felipe Cavalcanti/TJRJ