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TJRJ debate “Acesso à Justiça em Pretuguês: Linguagem Simples e Antirracista”
Notícia publicada por Secretaria-Geral de Comunicação Social em 01/12/2025 11h07

Imagemda mesa do evento com Rebeka Borges, Isis Saint Clair e Juliana Jesus

Rebeka Borges, Isis Saint Clair e Juliana Jesus foram as responsáveis pelo debate sobre a importância da linguagem simples a antirracista 

Expressões como “a coisa está preta”, “lista negra”, “samba do crioulo doido”, “humor negro” e “mulata” ainda são utilizadas no cotidiano, mas carregam significados historicamente associados ao preconceito racial. Foi pensando em apresentar uma comunicação clara e acessível, que promove a inclusão e o combate ao racismo linguístico, que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), por meio do Núcleo de Atenção e Promoção à Justiça (Napjus), realizou, na sexta-feira, 28 de novembro, o evento “Acesso à Justiça em Pretuguês: Linguagem Simples e Antirracista”, com o lançamento de cartilha com o mesmo nome.

O encontro aconteceu no Auditório Desembargador Paulo Roberto Leite Ventura, localizado no 1º andar da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), e contou com a participação da mestra em Teoria do Estado e Direito Constitucional pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Juliana Jesus; da servidora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Isis Saint Clair; e da integrante do Napjus Rebeka Borges.

O material confeccionado pela equipe do Napjus apresenta uma leitura simples e direta com um glossário repleto de termos e seus significados e uma gama de expressões racistas, que ainda são reproduzidas – com explicação do motivo de serem preconceituosas e quais alternativas podem ser utilizadas para substituí-las.

Para a servidora Isis, a cartilha é um instrumento valioso que aponta caminhos. “Enxergar a realidade de forma mais ampla, por vezes, vai nos causar um desconforto. Ninguém tá aqui para julgar, mas, a gente pode sempre melhorar. E essa cartilha foi confeccionada para nos auxiliar a recentralizar as nossas práticas segundo as diretrizes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e para promover uma atuação institucional orientada pela equidade, pela escuta qualificada, pela linguagem respeitosa e pela sensibilidade às desigualdades raciais que atravessam os processos e as experiências das partes.

Um convite à reflexão

A convidada Juliana Jesus resumiu o encontro como um convite à reflexão. Ela destacou que as expressões apresentadas no material são extremamente agressivas. “São microagressões linguísticas. E são palavras que não são tão isoladas assim, elas realmente estão no nosso cotidiano, no nosso vocabulário de certa forma. A grande reflexão que a gente tem que fazer a respeito disso é o que fazemos sobre a existência dessas palavras, principalmente quando a gente toma conhecimento do quão erradas elas são e quão agressivas elas são de fato. Acho importante esse diálogo estabelecido entre o Poder Judiciário e a sociedade, construindo essa ponte a respeito dessa discussão”, refletiu.

“Que a gente possa repensar também as terminologias que usamos porque, às vezes, o que é dito também é uma forma de discriminar. É preciso lembrar que uma das frentes de trabalho dos Cogens, de 1º e 2º Graus, é justamente a prevenção, o combate às formas de assédio moral e sexual, mas, também, as diversas formas de discriminação aqui dentro do Tribunal de Justiça. A gente tenta, aqui nessa cartilha, instruir que o que é dito também pode ser uma forma de discriminar e de produzir uma determinada violência. Nosso canal de acolhimento está aberto para aqueles que se sintam desrespeitados e querem ser acolhidos. Somos um espaço de escuta, não de denúncia”, completou a integrante do Napjus Rebeka Borges.  

                                              Servidora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Isis Saint Clair mostra cartilha produzida pelo Napjus 

                                              Servidora do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro Isis Saint Clair mostra cartilha produzida pelo Napjus 

IA/SF

Fotos: Rafael Oliveira/TJRJ