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Autores da Advocacia Preta Carioca lançam livro coletivo no Centro Cultural
Notícia publicada por Secretaria-Geral de Comunicação Social em 07/11/2025 11h24

                                                                                    Os 35 autores lançaram o livro coletivo nessa quinta, 6

“A Advocacia Preta Carioca não é apenas uma associação. É um movimento vivo da advocacia preta, que caminha junto com os nossos ancestrais. Você pode não acreditar, pode não ver, é um direito seu, mas eu afirmo: nós não andamos sós.” Em um evento marcado por simbolismo, resistência e ancestralidade, a fala da presidente da Associação Advocacia Preta Carioca (AAPC – Umoja), Angela Borges Kimbangu, resumiu a relevância do lançamento do livro coletivo “Porque para nós tem chão, tem caminho”, promovido pelo Centro Cultural do Poder Judiciário (CCPJ). 

Elaborada pela Associação Advocacia Preta Carioca – Umoja, a obra reúne textos de mais de 35 autores e autoras pretos e foi apresentada na quinta-feira, 6 de novembro, no Tribunal do Júri Histórico do Edifício Desembargador Caetano Pinto de Miranda Montenegro. 

Com capítulos que evidenciam a presença e o protagonismo do movimento da advocacia preta no estado do Rio de Janeiro, o livro nasceu do desejo de registrar, por escrito, as histórias, memórias e vivências dos membros da associação. 

Reunindo reflexões, experiências pessoais e narrativas, Porque Para Nós Tem Chão, Tem Caminho dá voz a pessoas historicamente invisibilizadas. As histórias presentes na obra buscam inspirar advogados e advogadas pretos e pretas a seguirem sonhando e atuando pela transformação do Direito e da sociedade. 

         Fabrícia Souza, Jaqueline dos Santos, Angela Borges Kimbungu e Thiago Fidélis participam de lançamento do livro coletivo

Os temas do livro foram debatidos em mesa composta pela diretora do CCPJ, Ana Paula Teixeira Delgado; pela presidente da AAPC – Umoja, Angela Borges Kimbangu; pelas organizadoras da obra, Fabrícia Souza e Jaqueline dos Santos; pelo advogado Thiago Fidélis; e pelo chefe do Serviço Educativo do CCPJ, Wanderlei Barreiro Lemos. 

Jaqueline, integrante da associação e uma das autoras, fez um chamado à reflexão sobre pertencimento e responsabilidade. “Temos a responsabilidade de mostrar, a cada pessoa, o nosso lugar e o nosso propósito. Não devemos nos estranhar por sermos advogados ou médicos — o que nos falta, muitas vezes, é oportunidade. Por isso, é fundamental que cada um de nós reflita sobre o que realmente deseja e qual é o seu papel dentro da sociedade”. 

Ana Paula Teixeira Delgado destacou a profundidade dos temas abordados e os valores presentes em cada capítulo da obra. "Ao olhar o livro que vocês escreveram, me deparei com alguns valores que estão espalhados pelos escritos de vocês: a contextualidade, o pertencimento, o acolhimento e a afetividade. São esses valores que conferem humanidade. O conteúdo do livro de vocês me emocionou muito”. 

Durante a mediação, Wanderlei Barreiro Lemos, selecionava trechos da obra e cada autor se levantava para comentar o respectivo tema. Em cada relato, os membros da AAPC reforçavam o sentimento de união, descrevendo a associação como uma família. 

Religiosidade e ancestralidade 

Como ato de resgate das heranças culturais africanas presentes no país, Angela Kimbangu acendeu uma vela ao lado de uma escultura que representava Nzinga Mbandi — rainha guerreira dos reinos de Ndongo e Matamba, na atual Angola, no século XVII, trazida de uma viagem ao país africano. Nzinga é símbolo da resistência e da luta pela soberania. 

Para encerrar o encontro, a vela foi apagada, marcando o fim de uma conversa permeada por cultura, identidade e representatividade. 

VS/ MB

Fotos: Felipe Cavalcanti/TJRJ