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Andréa Beltrão transforma Tribunal do Júri Histórico em palco de memória e emoção
Notícia publicada por Secretaria-Geral de Comunicação Social em 23/10/2025 07h47
CCPJ promove apresentações de Lady Tempestade até sexta-feira (24/10)

Imagem do Tribunal do Júri, no Museu da Justiça, durante apresentação do espetáculo Lady Tempestade

                                                                        Tribunal do Júri Histórico é palco do espetáculo Lady Tempestade 
 

“Um país sem memória está condenado a repetir seus fracassos e suas tragédias. Foi por isso que, depois de ler o diário — um relato tão duro por ser real, com fatos registrados com data, hora, mês, ano e nomes —, fiquei profundamente atravessada. Tornou-se impossível não falar de Mércia Albuquerque.” 

O sentimento da atriz Andréa Beltrão deu o tom do espetáculo Lady Tempestade, que lotou o Tribunal do Júri Histórico, no Edifício Desembargador Caetano Pinto de Miranda Montenegro, na quarta-feira, 22 de outubro. 

Após passar por diversas cidades do Brasil, sempre com ingressos esgotados, o monólogo Lady Tempestade chegou ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ). A apresentação integrou o programa teatral Justiça em Cena, promovido pelo Centro Cultural do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro (CCPJ). 

A peça, dirigida por Yara de Novaes e texto de Silvia Gomez, apresenta a personagem A., uma mulher que, em uma noite chuvosa, recebe um telefonema misterioso. Do outro lado da linha, a voz de um homem anuncia que ela receberá, pelo correio, os manuscritos do diário da advogada pernambucana Mércia Albuquerque, defensora de presos políticos durante o período da ditadura militar no Brasil. 

Com uma dramaturgia que transita entre o documentário e a ficção, o espetáculo conduz o público a revisitar o passado doloroso de Mércia e, ao mesmo tempo, acompanhar as tensões vividas por A. no presente. 

Imagem da atriz Andréa Beltrão durante apresentação da peça Lady Tempestade

                                                                 Atriz Andréa Beltrão interpreta personagem A. na peça Lady Tempestade 

A atriz Andréa Beltrão se reveza entre personagens, interage com os efeitos cênicos e transmite com intensidade as emoções da narrativa. Ela também destacou a importância de se apresentar em um espaço histórico para a Justiça. 

“É um grande acontecimento estar aqui, com esse cenário real, concreto, verdadeiro, onde tantas histórias e julgamentos importantes aconteceram. É impactante falar da Mércia aqui, contar a história dela neste lugar”, completou. 

A coordenadora de projetos do espetáculo Lady Tempestade, Valencia Losada, ressaltou a forma combativa, incessante e incansável da advogada pernambucana para enfrentar o autoritarismo. “Uma mulher que se colocou com uma radicalidade amorosa incrível, uma defensora dos injustiçados, dos oprimidos, daqueles que ousavam discordar de um regime responsável por desaparecimentos, mortes e injustiças. É difícil traduzir quem foi Mércia. O legado dela nos move, mobiliza, inspira e orgulha”, afirmou. 

O presidente do Fórum Permanente de Pesquisas Acadêmicas – Interlocução do Direito e das Ciências Sociais da Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), desembargador Wagner Cinelli de Paula Freitas, acompanhou o espetáculo e destacou a força da interpretação e da encenação. Para o magistrado, poder refletir sobre um período em que o Brasil viveu um regime de exceção, no qual muitas decisões eram subtraídas do crivo da Justiça, é algo de grande significado e relevância. 

“Precisamos revisitar o passado para não repetir erros e para que possamos construir um futuro mais promissor, com uma sociedade cada vez mais igualitária e respeitadora dos direitos humanos. Que possamos seguir subindo os degraus de uma escada civilizatória”, ressaltou o magistrado. 

Imagem da atriz Andréa Beltrão sentada em apresentação no Tribunal do Júri  Histórico, localizado no Museu da Justiça do Rio

                    Tribunal do Júri recebe mais duas apresentações do espetáculo: nesta quinta-feira, 23, e amanhã, 24 de outubro 
 

VS/IA 

Fotos: Rafael Oliveira/TJRJ