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Programa Rio Lilás promove diálogo sobre desigualdade de gênero e combate à violência doméstica no CIEP Avenida dos Desfiles
Notícia publicada por Secretaria-Geral de Comunicação Social em 19/09/2025 12h55

Imagem de uma sala de aula com cerca de 30 alunos da Educação de Jovens e Adultos

                                                Cerca de 30 alunos do CIEP Avenida dos Desfiles estiveram presentes para a aula 

Na tarde de quinta-feira, 18 de setembro, cerca de 30 alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do CIEP Avenida dos Desfiles tiveram uma experiência diferente da rotina escolar ao participarem de um encontro que abordou questões como violência doméstica e desigualdade de gênero. O diálogo fez parte do Programa Rio Lilás, iniciativa da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (Coem) do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), em parceria com as secretarias municipais de Educação e de Políticas para Mulheres e Cuidados. 

A juíza Luciana Fiala de Siqueira Carvalho, palestrante da tarde, abriu a conversa trazendo a Lei Maria da Penha para o centro do debate. Ao perguntar o que os alunos conheciam sobre a legislação, ouviu de imediato: “Não pode bater em mulher”, respondeu um dos estudantes. A simplicidade da frase deu o tom de um encontro que buscou traduzir em palavras acessíveis questões complexas como violência doméstica, desigualdade de gênero e representatividade política. 

A magistrada explicou que a violência contra a mulher vai além da agressão física: envolve também a violência psicológica, moral e sexual. “Todos esses tipos de violência são previstos na Lei Maria da Penha, daí a importância dessa lei. Mas, apesar disso, o Brasil continua sendo o quinto país que mais mata mulheres no mundo. Nós temos que sair desse ranking, e por quem essas mulheres são mortas? Em grande maioria, por parceiros e ex-parceiros. Então a gente chega à conclusão de que o lugar mais inseguro para uma mulher é dentro de casa. A casa deveria ser aquele lugar que acolhe, que abraça, que a gente quer chegar do trabalho e ter um pouquinho de paz, mas para muitas mulheres isso não acontece”, destacou. 

Imagem da juíza Luciana Fiala de Siqueira Carvalho falando para a turma

                            Juíza falou sobre os diferentes tipos de violência de gênero que estão previstos na Lei Maria da Penha 

Ao lado dela, a advogada e educadora Priscilla Montes destacou as consequências dessas formas de violência que, muitas vezes, passam despercebidas. “Culturalmente, temos um olhar de que quem sofre violência é quem apanha. Mas também precisamos falar de outras violências, como a emocional, que gera traumas profundos, inclusive nas crianças que vivem naquele lar”.  

No final da aula, a juíza convidou os alunos a repetirem em coro uma frase que resumiu bem a tarde de aprendizado: “Lugar de mulher é onde ela quiser!” 

Após a palestra, a aluna Maria Eliete, de 52 anos, relacionou a sua própria vivência com o debate e afirmou a importância de quebrar os ciclos de silêncio da violência doméstica: “Na minha época ninguém acreditou em mim. Hoje, eu acredito na minha filha e quero que a minha netinha cresça sabendo que ela pode falar e ser ouvida”, afirmou. 

Imagem da aluna Maria Eliete. Ao fundo, a Praça da Apoteose

                                      Maria Eliete é uma das alunas da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do CIEP Avenida dos Desfiles 

Além dela, entre aqueles que assistiram a aula, também estavam jovens da Casa Lar Mangueira, instituição que acolhe meninos com deficiências físicas, mentais e psíquicas. A cuidadora Chayene Ferreira, de 34 anos acompanhou esses garotos. “Lá no abrigo só tem meninos, as mulheres são apenas as cuidadoras. Quando algum deles fala de forma mais ríspida, outro logo intervém: ‘Ó, não pode, não bate em mulher’. Eles aprendem e levam para o abrigo, para a escola e para a vida”. 

O Programa Rio Lilás, lançado em 18 de agosto deste ano e coordenado pela desembargadora Adriana Ramos de Mello, nasceu com a missão de formar consciência crítica desde cedo, prevenindo a violência de gênero, o racismo e a discriminação na rede municipal de ensino. Voltado para estudantes a partir dos 10 anos e para turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), como foi o caso desta quinta, o projeto promove encontros chamados de “Conexão Escola-TJRJ”, aproximando o Judiciário da comunidade escolar. 

VM/ MG

Fotos: Rafael Oliveira/TJRJ