Palestra debate saúde mental em ambiente de trabalho na Escola da Magistratura
Da esquerda para direita: médica Thábata Luiz e desembargadores Wagner Cinelli e Maria Aglaé em palestra sobre saúde mental no ambiente de trabalho
Como o ambiente de trabalho pode impactar a saúde mental, emocional e física dos colaboradores? O que instituições e funcionários podem fazer para manter o espaço de convivência saudável? As possibilidades de solução para essas questões foram apresentadas na palestra “Promovendo ambientes seguros: um diálogo sobre prevenção à depressão”. A exposição foi ministrada nesta quinta-feira, 18 de setembro, no Auditório Desembargador Joaquim Antônio de Vizeu Penalva Santos, na Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj), e transmitida virtualmente pela plataforma Teams.
O encontro foi promovido pelo Núcleo de Apoio e Promoção à Justiça Social (Napjus), dos Comitês de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento do Assédio Moral e Sexual e da Discriminação (Cogens 1º e 2º Graus) do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) em parceria com a Emerj e teve como palestrantes a desembargadora e doutora em bioética, Maria Aglaé Tedesco Vilardo, e a médica psiquiátrica do Departamento de Saúde (Desau) do TJRJ, Thábata da Silva Cardoso Luiz.
Para abrir a exposição do tema, o presidente do Cogen 1º Grau, desembargador Wagner Cinelli, exibiu o primeiro episódio do projeto “Quem Sente na Pele”, dos Cogens, que trata do tema “Depressão”. No vídeo, uma servidora do TJRJ comenta como foi seu processo de diagnóstico e tratamento da doença.
Desembargadores Wagner Cinelli e Maria Aglaé (à esquerda) e médica Thábata Luiz (à direita) palestram sobre saúde mental no trabalho
O magistrado também reafirmou o papel dos Cogens e a importância de procurá-los quando sentir-se discriminado. “Muitas pessoas não sabem, mas os Cogens foram criados há poucos anos por meio de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça. Nosso objetivo é de acolher quem estiver passando por situações de assédio e discriminação com o máximo de sigilo. Situações de assédio no trabalho também podem adoecer mentalmente. Então é importante que essas pessoas nos procurem para romper com o silêncio”, pontuou.
O assédio moral em ambiente de trabalho não fere o indivíduo somente no momento em que passa por aquela situação, mas também repercute em outras áreas, explicou a desembargadora Maria Aglaé Tedesco. “O assédio fere a existência, a dignidade e os direitos da pessoa. O servidor que foi vítima fica abalado psicologicamente e com o passar do tempo desenvolve outros sintomas, como dores de cabeça, dores no corpo e incidência de doença cardiovascular. O problema também afeta a própria instituição porque prejudica a eficiência, eficácia e produtividade, além de manchar a sua imagem”, ponderou.
Afastamentos por saúde mental entre 2014 e 2024, segundo o Ministério da Previdência Social
Segundo dados do Ministério da Previdência Social, mais de 472 mil brasileiros se afastaram do trabalho em 2024 por saúde mental. Só de 2023 a 2024, houve um aumento de 68% nos afastamentos. O número foi maior até do que os afastamentos durante o primeiro ano da pandemia (91.607). De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), um dos principais motivos para afastamento de servidores e magistrados em 2024 também foi transtornos mentais.
Apesar de o cenário parecer preocupante, ainda é possível mudar essa realidade, afirmou a médica psiquiátrica Thábata Luiz. “Para evitar o adoecimento psíquico, é necessário promover um ambiente seguro no trabalho. Um ambiente que permita que seus colaboradores realizem as tarefas sem riscos significativos a saúde física, mental e emocional. Um ambiente onde os riscos sejam identificados e mitigados e que promova uma cultura de respeito e livre de assédios”.
KB/IA
Fotos: Brunno Dantas/TJRJ