Terceiro encontro do programa Literarius debate a obra “Fédon”, de Platão
Professor titular de Filosofia Antiga da Universidade de Brasília (UnB), Gabriele Cornelli, falou sobre obra de Platão
Na manhã desta terça-feira, 16 de setembro, o auditório da Mútua dos Magistrados recebeu o terceiro encontro do programa Literarius, intitulado “Fédon, de Platão: Um Diálogo sobre a Alma”. A iniciativa é promovida pelo Observatório de Pesquisas Felippe de Miranda Rosa, do Centro Cultural do Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro (CCPJ) e tem como objetivo dialogar sobre grandes obras literárias, reunindo especialistas para refletir sobre a relevância desses textos na formação do imaginário humano, de suas instituições e símbolos.
Nesta edição, como o próprio título sugere, o debate concentrou-se na obra Fédon, de Platão, que narra os últimos dias de Sócrates até sua execução. Para aprofundar a reflexão, o evento contou com a presença do professor titular de Filosofia Antiga da Universidade de Brasília (UnB), Gabriele Cornelli.
Antes da palestra, o desembargador Carlos Gustavo Vianna Direito, presidente do Fórum Permanente de Estudos Clássicos, Direito e História da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj) e integrante do painel, destacou o compromisso do CCPJ, por meio de seu Observatório de Pesquisas, com a promoção da interdisciplinaridade.
“O objetivo do nosso encontro é justamente trazer temas ligados ao estudo da literatura clássica e, com uma visão atual, propor uma releitura que permita aprofundar o conhecimento do judiciário”, ressaltou.
Da esquerda para a direita: o palestrante Gabriele Cornelli, o desembargador Carlos Gustavo Direito e a professora Beatriz de Paoli
Em sua exposição, o professor explorou a obra de Platão como um exercício de compreensão sobre a morte e a alma. Ele destacou a pergunta feita por Sócrates a seus discípulos em seu último dia: “Acreditamos que a morte seja algo? ” O questionamento foi o ponto de partida para uma reflexão sobre a existência. Cornelli também resgatou a concepção de Homero, que acreditava que alma abandonava o corpo no momento da morte, transformando-se em um “sopro vital”: uma espécie de imagem espectral, sem consciência, destinada a ir para o mundo dos mortos.
Ao final, Cornelli ressaltou a importância das traduções de obras da antiguidade para que tenhamos um melhor entendimento do nosso presente, afirmando que esse exercício “faz bem para a alma”.
“É um exercício que confronta você com um texto não apenas de outra língua, mas também de outra cultura, distante no tempo. Traduzir exige sair da própria forma de pensar para tentar compreender o que aquele autor imaginava ao escrever. Isso é, acima de tudo, um exercício de tolerância. Quem traduz respeita o outro. Se não fosse assim, não traduziria, apenas imporia a sua própria visão.”
Também participaram do evento a professora de Língua e Literatura Grega da UFRJ, Beatriz de Paoli; e o professor substituto do Departamento de Educação da Faculdade de Formação de Professores da Uerj, Gabriel Cerqueira.
VM/IA
Fotos: Brunno Dantas/TJRJ