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Trilha da Memória: servidores e magistrados do TJRJ revisitam passado da cidade
Notícia publicada por Secretaria-Geral de Comunicação Social em 13/09/2025 21h37

Cerca de cem pessoas posam para a foto durante a caminhada no Centro do Rio

                                                                       Cerca de 100 pessoas participaram da 5ª edição da trilha

Servidores, colaboradores e magistrados do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) participaram, na manhã deste sábado, 13 de setembro, da 5ª edição da “Trilha da Memória: uma jornada pela Pequena África”. A iniciativa faz parte do Programa de Cultivo da Memória, criado pelo Núcleo de Atenção e Promoção à Justiça Social (Napjus). Em um trajeto que percorre pontos históricos relacionados à chegada dos escravizados africanos ao Rio de Janeiro, o projeto promove reflexões sobre as desigualdades raciais ainda presentes no país.

“É um resgate histórico, não apenas para recordar a resistência que os escravizados tiveram de demonstrar durante todo o percurso de chegada ao Rio de Janeiro, mas, também, sobretudo, uma ação de promoção cultural”, afirmou a presidente do Comitê de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação no 2º Grau de Jurisdição (Cogen-2º Grau), desembargadora Patrícia Ribeiro Serra Vieira.

Três pessoas - um homem e duas mulheres - no centro falam com o restante do grupo

                                              A desembargadora Patrícia Serra ressaltou que a trilha promove um aprendizado cultural 

A caminhada foi conduzida pela servidora do TJRJ Tatiana Lima Brandão, formada em História e Turismo. Ao iniciar o trajeto, ela destacou que a atividade é uma oportunidade não apenas de conhecer melhor as raízes da cidade do Rio de Janeiro, mas, também, de compreender a própria história do Brasil.

Os quase 100 participantes iniciaram a jornada para revisitar o passado na Praça Mauá. A partir daí, o trajeto também incluiu a Igreja de São Francisco da Prainha, o Painel Hilário Jovino, a Casa da Escrevivência, a Pedra do Sal, o Mirante do Morro da Conceição, o Cais do Valongo, o Cais da Imperatriz, as Docas Pedro II, a Praça da Harmonia e o Cemitério dos Pretos Novos.

Uma moça aparece ao centro mostrando o local ao restante do grupo.

                                                                 A servidora Tatiana Brandão (ao centro) conduziu o passeio histórico

Um dos participantes foi o servidor Sidney Pacheco, de 48 anos, que contou que “estava sentindo na pele” enquanto passeava pelo local. Ele reconheceu o valor da caminhada porque, mesmo tendo crescido na região, estava descobrindo muitos fatos históricos. “Hoje, eu nem estou tirando foto. Vim como ouvinte para participar e relembrar, estou revivendo a minha realidade, lembrando dos lugares pelos quais passei na minha infância. Também estou descobrindo e, talvez, desenterrando uma história que estava apagada até mesmo em mim”.

Além dele, a aposentada Neuza Bargerron, de 76 anos, revelou que o trajeto tem um significado especial devido à história de sua família, já que sua bisavó foi uma mulher escravizada.  “Tem hora que é muito triste de pensar. Se eu, com 76 anos, subindo essas ladeirinhas, com essas pedrinhas, já é difícil, imagina naquela época, com lata na cabeça, carregando mercadorias. Faz parte do processo, relembrar essa parte muito importante na nossa história”, afirmou.

Uma senhora com expressão sorridente durante uma entrevista

Bisneta de uma mulher escravizada, a aposentada Neuza Bargerron refletiu sobre as dores e lições de relembrar o nosso passado

Giuliana Paes, de 14 anos, disse que a trilha permitiu que ela conhecesse melhor a história da cidade. ”Eu não sabia de metade das coisas que a gente viu hoje, e pensar que isso tudo aconteceu onde a gente está pisando é muito assustador. Principalmente, pensar que essa é a Cidade Maravilhosa. É muito contraditório”.

Também participaram da caminhada o presidente da 16ª Câmara de Direito Privado do TJRJ, desembargador Antônio Iloízio Barros Bastos, e o presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra da OAB-RJ, Humberto Adami.

 VM/MB

Fotos: Rafael Oliveira/TJRJ