Cogens do TJRJ promovem palestra sobre assédio e discriminação no ambiente de trabalho
Da esquerda para a direita: Érica Paes, Superintendente de Empoderamento e Equidade de Gênero da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do Estado; a moderadora Flávia Azevedo, assistente social do TJRJ; Daniela Valle, juíza do Trabalho no TRT-1, Presidente da AMATRA1
Na manhã desta quinta-feira (29 de maio), os Comitês de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação (Cogen - 1º Grau e Cogen - 2º grau) do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro promoveram a palestra “Assédio e discriminação no ambiente de trabalho: o impacto invisível e como superá-lo”, como parte das ações do Mês de Combate ao Assédio e à Discriminação no Poder Judiciário. A moderadora do evento, a assistente social do TJRJ Flávia Azevedo, destacou que o principal objetivo da discussão é abordar as consequências invisíveis do assédio e da discriminação na saúde de suas vítimas, além do chamado “efeito cascata”, que faz com que se prolongue ao longo dos anos.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam o assédio e a discriminação no ambiente profissional como dois dos principais fatores para o adoecimento de trabalhadores. Além disso, segundo o Guia Lilás do Governo Federal, em 2023, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) registrou, em média, 220 novos processos diários relacionados ao assédio moral e sexual.
A partir disso, para aprofundar o debate, foi convidada a presidente da Associação dos Magistrados da Justiça do Trabalho da 1ª Região (AMATRA I – 1ª Região RJ) e gestora nacional do Programa de Enfrentamento ao Trabalho Escravo do TST, juíza Daniela Valle. A magistrada falou sobre a relação entre o trabalho infantil e diversos problemas sociais e contou que estudos demonstraram que o ingresso precoce no mercado de trabalho é um fator de risco. Ela ressaltou a importância de garantir que as crianças não apenas tenham acesso à educação, mas também ao direito ao lúdico e à brincadeira, ainda que simples. “Não podemos deixar que o meio de vida que vivemos na sociedade se transforme num meio de adoecimento”, concluiu.
Também participou da discussão a superintendente de Empoderamento e Equidade de Gênero da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social Érica Paes. Ela, que também é a idealizadora do Programa Empoderadas, abordou as doenças associadas ao estresse emocional provocado pelo assédio em ambientes de trabalho que, em tese, deveriam oferecer segurança e tranquilidade. “Antigamente, a hipertensão era comum a partir dos 40 ou 50 anos. Hoje, vemos muitas mulheres jovens com pressão alta. Também há o aumento de doenças emocionais como depressão e crises de pânico. Temos hipo e hipertireoidismo, que muitas vezes estão ligados a fatores emocionais. Além disso, em muitos ambientes, mulheres são transferidas apenas por relatarem situações de assédio. Com isso, a maioria permanece silenciosa, o que agrava ainda mais as consequências emocionais”, completou.
VM*
*Estagiário com supervisão de MB.