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Quarta Trilha da Memória reúne dezenas de participantes na Pequena África
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 26/05/2025 17:16
Iniciativa dos Cogens de 1º e 2º Graus integra Programa de Cultivo da Memória do TJRJ

Quarta edição da Trilha da Memória contou com a participação da desembargadora Patrícia Ribeiro Serra Vieira, presidente do Comitê de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação 2º Grau (Cogen 2º Grau), ao centro de óculos escuros, se reuniu em frente à estátua da primeira bailarina negra do Theatro Municipal Mercedes Baptista

Magistrados, servidores, colaboradores do Tribunal de Justiça do Rio e seus familiares, participaram, na manhã do sábado, dia 24 de maio, de uma atividade diferenciada no Centro da cidade que é sede do Judiciário fluminense: a 4ª Trilha da Memória, uma jornada pela região da capital conhecida como Pequena África e que guarda boa parte da história da escravidão no Brasil. 

A iniciativa é realizada pelos Comitês de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação (Cogens 1º e 2º Graus) e integra o Programa de Cultivo da Memória do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, pela implementação do Pacto Nacional do Judiciário pela Equidade Racial.

 

                                          O Cais do Valongo foi outro ponto histórico da trilha em que o grupo de participantes parou para tirar fotos 

Antes da caminhada começar, a desembargadora Patrícia Ribeiro Serra Vieira, presidente do Comitê de Promoção da Igualdade de Gênero e de Prevenção e Enfrentamento dos Assédios Moral e Sexual e da Discriminação 2º Grau (Cogen 2º Grau), lembrou que a trilha é um dos programas dos Comitês para a promoção da igualdade e que a caminhada pela história é alerta sobre a discriminação. 

A desembargadora Patrícia Ribeiro Serra Vieira, de óculos escuros, e a historiadora e analista do TJRJ Tatiana Brandão, de blusa laranja, falaram ao grupo sobre a importância do circuito

“Fazer esse passeio é como participar da construção dessa historiografia, conhecer justificativas da época, desde o racismo científico até hierarquia das raças que eram usadas na tentativa de justificar o uso dessa mão de obra. Na verdade, o que houve foi um apagamento histórico, quando diversas políticas foram usadas para mascarar todo esse passado escravocrata. Então, estamos falando de um processo de desconstrução de identidades, de desumanização dessas pessoas que eram tratadas enquanto mercadorias”.

Historiadora e analista do TJRJ, Tatiana Brandão, analista do TJRJ, guiou o passeio e destacou que ele acontecia na véspera do Dia Mundial da África (25/5).

“Durante a passagem por vários locais históricos desse pedaço da cidade conhecido como Pequena África. Vamos rever o ponto de chegada de pessoas escravizadas vindas da África, falar da desumanização que ocorreu na região, passar pela Pedra do Sal,  onde os escravos desembarcavam o sal que vinha de Portugal, mostrar o local onde ficavam as “casas de carne” - onde eles eram negociados e vendidos após desembarque no Cais do Valongo”, disse, complementando em seguida: “Mas vamos também conhecer a contribuição cultural que esses trabalhadores deixaram e que hoje percebemos na música, arte, gastronomia, religião, língua e na formação do nosso povo, cidade e país.”

Robéria Machado, técnica judiciária que trabalha na Corregedoria Geral da Justiça, foi ao passeio e contou que tinha vontade de fazer a trilha desde a primeira edição.

“Como uma mulher preta, com consciência racial, há tempos queria conhecer a história por trás dos pontos turísticos dessa região. Aproveitei para trazer meu filho, Enzo Gabriel, que chegou na família há quatro anos por adoção. Trouxe ele para que saiba que é preciso combater o racismo. É importante conhecer nossa história desde o seu início”, disse.

Enzo, de 11 anos, destacou aprendizados que ia levar das histórias ouvidas. Uma delas foi contada pela desembargadora Patrícia Ribeiro Serra Vieira, no início da trilha, na passagem pelo Largo de São Francisco da Prainha, ao lado da igreja homônima.

“Fiquei impressionado em saber que o caminho de pedras era construído por homens, mas também por crianças, de 6 e 7 anos de idade, que depois do trabalho pesado saíam correndo e pegavam o pé de moleque que as donas das casas vizinhas colocavam para resfriar nas janelas. Então, as senhoras gritavam: Não pega, moleque, pede moleque. E isso deu nome ao doce", falou Enzo, demonstrando o aprendizado. 

                 A historiadora Tatiana Brandão foi explicando aos participantes, a cada parada, os marcos importantes da Pequena África

Percurso

A trilha começou às 9h na Praça Mauá e terminou às 13h no Instituto Pretos Novos. A caminhada passou pela igreja de São Francisco da Prainha, Largo da Prainha, Pedra do Sal, painel Hilário Jovina, a Casa da Escrevivência – espaço cultural que reúne o acervo bibliográfico da escritora Conceição Evaristo - até chegar ao mirante do Morro da Conceição e ao Jardim Suspenso do Valongo. De lá, o grupo seguiu para o Largo do Depósito, passando pelo Espaço Cultural Casa da Tia Ciata, Mercado de Escravizados, o Cais do Valongo e da Imperatriz, as Docas Pedro II, a Praça da Harmonia e o Cemitério dos Pretos Novos.  

MF/FS

Fotos: Felipe Cavalcanti