Série Gente: as mães do TJRJ
Ana Carolina com Nathalia, Camila com Cecília, Silvia com João Marcelo e Pamella com Oto
Como pode uma tão pequenina palavra, de apenas três letras, um substantivo feminino significar tanta coisa, gestos e sentimentos?
Mãe! Ela, sim, palavra que deveria ser escrita sempre em letras maiúsculas, que tantos poetas retrataram em suas estrofes, muitas vezes sem rima rica, mas que representam o maior amor do mundo.
“Não esquece de levar seu casaco! Você já fez o dever de casa? Já tomou banho?”. Quem nunca ouviu isso?
Tudo que se fala sobre mãe é superlativo, tamanha sua grandeza. E cada uma, particularmente, tem suas histórias.
Sonhos adiados
Pamella Pedrosa, recepcionista do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, deixou de lado alguns sonhos por conta de uma gravidez inesperada. Mas, hoje, aos 25 anos, essa mãe solteira, faria tudo outra vez.
Afinal, o pequeno Oto, de apenas dois anos, mudou sua vida. Ela conta que, mesmo enfrentando a maternidade sozinha, os sonhos, hoje, são maiores do que antes. Com a voz embargada, ela diz: “Não é fácil. Ainda mais sendo nova e sozinha com ele. Muita coisa mudou na minha vida, até a forma como eu olho o mundo, e também como me comporto. Eu tenho um pequenino em casa me esperando, que precisa de mim, do meu colo... Olhando para trás, eu vejo que tive que retardar alguns sonhos, mas, hoje, descobri, depois de ser mãe, que sou uma pessoa muito forte. Tão forte como nunca imaginei”.
E Pamella continua: “Eu posso estar doente, posso estar triste, capenga, ruim, mas eu levanto todos os dias e não tenho como parar. Sigo em frente, por mim e pelo Oto, meu amor e minha alegria de viver. Os sonhos não foram perdidos. Vou conquistar mais à frente”.
Tempestade, desfile de escola de samba: o que não se faz por um filho?
O sentimento de ser superpoderosa está dentro de todas elas. E é isso que move uma mãe. Foi assim com a servidora Silvia Fernandes e seu filho João Marcelo. O menino, com apenas quatro anos, queria porque queria ver o filme da Frozen. Os amiguinhos não falavam de outra coisa no colégio e ele também. Moradora de Botafogo, Silvia não mediu esforços e fez uma loucura: como o filme já não estava passando mais em cinemas da Zona Sul, onde mora, ela partiu para Campo Grande, na Zona Oeste da cidade, para o único cinema que tinha o filme em cartaz.
Mas tinha um outro problema: ela estava sem carro. Querendo realizar o sonho do menino, alugou um carro pequeno e lá foi ela com João Marcelo, Julia, de apenas dois anos e o marido, Marcelo, percorrer os 50 quilômetros que separam um bairro do outro. Mas o pior estava por vir: na volta, uma tempestade caiu na cidade, ruas alagadas e trânsito infernal, ainda mais tentando passar por carros alegóricos na Avenida Presidente Vargas, em pleno Carnaval e desfile das escolas de samba, na Marquês de Sapucaí.
Foram mais de três horas para, finalmente, chegar em casa. Sem dúvida, uma aventura nada congelante no verão carioca. A prova de que tudo deu certo é que João Marcelo, hoje, tem 15 anos e Silvia é o exemplo de que mãe não mede esforços e comete atos inimagináveis para realizar os desejos de um filho.
Uma gravidez planejada
Ana Carolina de Aguiar já pensava em ter filhos. Mas, com a doença do sogro, Luiz Antônio, ela e o marido, que também herdou o nome do pai, pensaram em dar essa alegria a ele, que estava com câncer.
“Nós queríamos ter filhos. Mas isso seria um pouco mais para frente”, diz ela.
Por isso, ela e o marido resolveram antecipar o desejo de se tornarem pais. Trabalhando desde 2012 na Secretaria-Geral de Tecnologia da Informação (SGTEC) do TJRJ, Ana conseguiu ao menos dar uma alegria ao sogro que não resistiu à doença e morreu dois meses antes de Nathalia, que acaba de completar um ano, nascer.
“Ele conseguiu participar do chá revelação e ficou sabendo que iríamos ter uma menina, mas não conseguiu vê-la nascer. Ele partiu dois meses antes do nascimento dela, mas pelo menos participou com a gente desse momento”, conta Ana Carolina.
Primeira neta na família, a funcionária do TJ tem o sentimento de que Luiz Antônio é uma luz na vida da filha tão sonhada e desejada.
Ela tinha uma certeza: e não é que Cecília chegou?
Camila Vale é uma unanimidade. Todos que trabalham ou convivem com ela, dizem a mesma coisa: ela é muito querida, resolve os problemas de todo mundo, um ser humano especial e mãe mais coruja não existe.
Fotos da filha estão por toda mesa dessa bacharel em Direito, que é assessora jurídica da Secretaria-Geral de Gestão de Pessoas. Curioso é que Camila não queria ser mãe, não tinha essa vontade. Nem ela e nem o marido, Fábio.
O casal, como ela mesmo diz, curtiu a vida, passeou, viajou e foi para festas de amigos. Mas, depois de sete anos de casamento, veio o desejo de ter uma filha. Isso mesmo. Uma filha. E ela se chamaria Cecília. E não é que Cecília veio?
Mãe mais boba não existe, segundo define ela mesmo. Um sentimento tão grande que não tem um dia sequer que ela não fale da Cecília pelo menos umas dez vezes, dona de um sorriso sapeca e esperta como ninguém.
“Eu nunca pensei de verdade em ser mãe. Achei que seria apenas mãe de pet, que eu amo e a Cecília também. Hoje, tenho a Poli, uma Shi Tzu. Você acredita que quando a Cecília chora, a Polí chora também? Eu nem sabia que tinha filhas gêmeas”, brinca Camila às gargalhadas.
Cecília fez quatro anos no último dia 6.
Um diário eletrônico
O amor por Cecília é tanto que Camila e Fábio criaram um e-mail para a pequena pouco antes de a filha nascer. Quando ela crescer, vai poder ler todo sentimento deixado em mensagens dia após dia.
Ali, levando-se em conta que um ano tem 365 dias, já foram escritas 1.460 mensagens no e-mail de Cecília. Os primeiros contavam como eles se sentiam, a expectativa com o nascimento.
O último, feito agora por Camila, na última quinta-feira, (8/5), diz assim: “Filha. Hoje, mamãe está fazendo uma reportagem para o Dia das Mães e fica muito feliz em fazer isso tendo você como inspiração”.
E, nesse palco da vida, quem brilha e sempre brilhará é você mãe. Tanto as que são como as que sempre estarão guardadas em nossos corações.
Feliz Dia das Mães!
PF/VM*
*Estagiário com supervisão de MB.
Fotos: acervo pessoal