Sucesso do projeto “Justiça Itinerante” é destaque em tradicional jornal italiano
Vinte anos após sua instalação, o sucesso do projeto Justiça Itinerante, criado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, em 2004, atravessou o Atlântico e virou notícia na Itália. No último domingo (19/1), o tradicional jornal diário “La Stampa”, fundado em 1867, publicou ampla matéria, divulgando o trabalho desenvolvido pela Justiça Itinerante em favor da população com dificuldade de acesso à Justiça e aos meios capazes de possibilitar o acesso aos direitos do cidadão.
"Cosi aiutiamo i dimenticati delle favelas", "La giustizia a domicilio viagga su ulpumino”, destacou o La Stampa no título da matéria: “É assim que ajudamos os esquecidos nas favelas”, "A justiça em casa viaja no microônibus”.
Assinada pela jornalista Silvia Guzzetta, a matéria retrata um dia de ação da Justiça Itinerante no município do Rio de Janeiro, na Estação Ferroviária da Central do Brasil. “Scarlet acabou de descer. Ele levou apenas 10 minutos para pegar o papel que está segurando nas mãos. ‘Muita coisa’, declara com a emoção de quem encontrou alguma coisa; não um documento perdido, mas a frase com seu novo nome de mulher trans. Não que ela seja mais real do que no dia anterior, mas hoje ela é mais real”, destaca a jornalista, ao citar o caso de Scarlet, após ela obter o certificado de requalificação civil.
A matéria também ressalta a informalidade das autoridades que atuam no atendimento, sem o tradicional rito das vestimentas tradicionais presentes nos ambientes dos tribunais: “O juiz André Brito e a PM Carla Tilley, de plantão naquele dia, estão sentados a uma mesa, em frente aos seus computadores, com camisas e papéis esvoaçantes, sorridentes, sem togas nem perucas que coçam. Em um dia formalizam divórcios, pensões de alimentos, mudam identidade de gênero, registram nascimentos para quem perdeu ou nunca teve certidão".
A importância da Justiça Itinerante para o resgate da cidadania também foi abordada pela jornalista italiana: “Um tribunal que ‘abre caminho’ às expectativas e aos longos becos burocráticos para superar os obstáculos muitas vezes presos nos direitos humanos; para quem não tem dinheiro nem para pagar a passagem para ir a um tribunal ‘de verdade’ e vir para a separação conjugal consensual que termina com pena de alimentos para quem vive com R$ 200 reais mensais. Tudo em 10 minutos. Então vale a pena”.
JM/MB