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Perspectivas sobre adoção: como a sociedade brasileira trata o tema
Notícia publicada por DECCO-SEDIF em 12/05/2023 11:20

Em nosso último texto sobre adoção publicado no Portal do Conhecimento, destacamos as mudanças ocorridas no enfoque sobre a adoção que surgiram no Brasil após a promulgação do ECA, em especial, “o olhar voltado para o que é melhor para o adotado”, pois, até aquele momento, o foco estava nas necessidades daqueles que se interessavam em adotar, principalmente nos casais inférteis que desejavam constituir uma família.

Apesar de todos os avanços alcançados na questão da adoção, na sociedade brasileira ainda permanecem algumas percepções históricas sobre o tema. Um dos pontos sensíveis ainda presente é a consanguinidade, pois, como nos lembra Maux (2010) apud Weber (1999), a “cultura dos laços de sangue”, presente no modelo familiar patriarcal, valoriza o vínculo biológico, considerado muito importante em uma família. Assim sendo, é comum uma busca por semelhanças físicas entre pais e filhos que comprovem essa consanguinidade.

A procura por vinculação biológica explica o esforço, presente até hoje, em encontrar uma criança ainda bebê e que apresente traços físicos semelhantes aos da família pela qual será adotada. Essa atitude diz respeito às necessidades dos adotantes e gera o distanciamento entre a realidade das crianças que precisam ser adotadas e a expectativa dos pais que desejam formar uma família.

Outro ponto sensível, que se relaciona com a consanguinidade, é o medo de muitos de revelar à criança de que ela foi adotada, pois há o receio de que os “laços de sangue” possam vir a falar mais alto se ou quando a criança souber da adoção, ou seja, o temor dos adotantes da perda da “condição de pais”, não somente junto à criança, mas também frente à sociedade.

Mudar a forma como lidamos com o tema é um desafio para toda a sociedade. E o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro vem buscando caminhos para participarmos, como, por exemplo, o projeto O Ideal é Real, criado pelo juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, que foi adotado nacionalmente em todos os Tribunais de Justiça, com apoio do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), da Câmara dos Deputados e do Ministérios do Desenvolvimento Social e dos Direitos Humanos no qual visa o encontro de crianças e adolescentes não idealizados pelos adotantes. Seguindo também nessa direção, temos o projeto Doe um Futuro, implantado e desenvolvido pelo juiz Sergio Luiz Ribeiro de Souza, no qual, por meio de um “apadrinhamento”, é possível investir no futuro profissional de adolescentes em situação de vulnerabilidade. Ações com essas têm tornando o tema mais acessível à população.

Para saber mais a respeito dessas e de outras inúmeras iniciativas, acesse Portal da Infância e Juventude.

HA/WL

 

Referências:

MAUX, Ana Andréa Barbosa; DUTRA, Elza. “A adoção no Brasil: algumas reflexões”. Estudos e pesquisas em psicologia.  Rio de Janeiro,  v. 10, n. 2, ago.  2010. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-42812010000200005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em:  8  maio  2023.

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