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Adoção tardia: nunca é tarde para construir laços
Notícia publicada por DECCO-SEDIF em 13/07/2022 16:03

Ao tocarmos no tema adoção, é comum logo vir à mente a imagem de um bebê ou de uma criança pequena, situação que se esclarece à luz do fato de que, no Brasil, cerca de 51% das adoções se concentram na faixa etária de até 4 anos de idade1. Assim sendo, a partir do momento que uma criança que é capaz de andar, falar e se alimentar sem depender de um adulto é adotada, a adoção é chamada de tardia.

Aqueles envolvidos em um processo de adoção buscam a constituição de uma família, a construção de laços, ou seja, como ressalta Pereira (2020), apud Hamad (2002, p.128)2: “Família é como enxerto, tira-se o broto de uma árvore e enxerta em outra árvore e com muito cuidado esse novo broto vinga ao se alimentar da mesma raiz” (grifo próprio).

O pensamento acima destacado nos ajuda a compreender que construir uma família, seja ela composta por parentesco biológico ou não, exige o desenvolvimento de vínculos entre o novo integrante (o broto) e o grupo de pessoas já constituído (a árvore enraizada), visto que: “A construção do vínculo e de uma relação saudável entre pais e filhos depende muito mais dos fatores ligados à convivência, à interação, ao afeto e respeito mútuos do que dos laços biológicos que por si só não garantem o vínculo.”3.

Abordar o tema “adoção tardia” é falar sobre investir no desenvolvimento de vínculos que, nós, seres humanos, somos cotidianamente demandados a estabelecer, em especial, em novos relacionamentos. É importante lembrar que receber um novo membro na família não é tarefa fácil em situação alguma. A psicóloga Niva Campos acerta ao fazer uma analogia entre uma adoção tardia e um casamento 3: “Adotar uma criança maior às vezes pode ser parecido com casar com uma pessoa após um breve namoro: você estava apaixonado e achava que seriam ‘felizes para sempre’, mas na convivência diária descobre que não a conhecia direito, suas características pessoais, suas ‘manias’, seus ‘defeitos’. Essa situação pode levar ao divórcio; mas, se o casal investe na relação com amor e ambos procuram superar suas divergências, o vínculo se fortalece.”.

Assim como no casamento, a fase do namoro é fundamental para o conhecimento mútuo, na adoção tardia, é o chamado estágio de convivência que propicia aos interessados na construção desse novo vínculo se conhecerem de forma mais profunda. Campos ainda destaca que: “Adotar é um desafio porque relacionar-se é sempre um desafio. Temos que acolher, aceitar o outro em sua integridade, com sua beleza e originalidade, mas também com suas dificuldades e limitações.” (grifo próprio).

Esse desafio não precisa ser transposto de forma solitária. Para auxiliar nesse processo, existem grupos de apoio (GAAs) e cursos preparatórios para adoção. Entre uma série de outras formas de apoio, o TJRJ realiza o projeto “O ideal é real”.

Para saber mais sobre adoção acesse:

Projeto "O Ideal é Real"

Vamos falar sobre adoção?

HA/WL

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