Em 23 de abril é comemorado o Dia Mundial do Livro, data escolhida por ter sido em 23 de abril de 1616 que o mundo perdeu três grandes escritores: William Shakespeare, Miguel de Cervantes e Inca Garcilaso de la Vega, e estabelecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com os objetivos de celebrar o livro, incentivar a leitura, homenagear autores e refletir sobre seus direitos legais 1.

Interessante refletirmos sobre o objetivo de se incentivar a leitura: afinal, por que é necessário estimular a realização de uma ação prazerosa? Ou será que entendemos a leitura como uma obrigação, um dever a ser cumprido, uma tarefa que constrange aquele que declara não gostar de ler? Mas, por que isso acontece?

O que é um livro, além da possibilidade de se conhecer uma história ou de se buscar o conhecimento? E qual de nós não gosta de uma boa história? Se assim não fosse, como explicar o sucesso dos filmes, das novelas (inicialmente transmitidas por rádio, posteriormente, pela televisão e, atualmente, pela web) e agora as séries assistidas por streaming.

O que faz nos espantarmos quando encontramos alguém lendo um livro com “muitas páginas”? Pois, quando a história é boa, apegamo-nos a ela e não queremos que acabe. Até chegamos a sentir saudades de seus personagens. O que nos faz desvincularmos a leitura do prazer, do entretenimento, da possibilidade de nos afastarmos de nossa rotina e nossos problemas?

São inúmeras as formas de buscarmos respostas a essas perguntas, e foi isso que fez Daniel Pennac, professor e autor, ao escrever o ensaio intitulado “Como um romance”, no qual trata sobre a necessidade de se desassociar a leitura de uma obrigação moral, de um dever de todos. Nele enumera os dez direitos do leitor, que são2:

1) O direito de não ler; 2) O direito de pular páginas; 3) O direito de não terminar um livro; 4) O direito de reler; 5) O direito de ler qualquer coisa; 6) O direito ao bovarismo; 7) O direito de ler em qualquer lugar; 8) O direito de ler uma frase aqui e outra ali; 9) O direito de ler em voz alta; 10) O direito de calar.

Vamos aproveitar a data para compreender como se dá a nossa vinculação com os livros, permitindo-nos construir uma relação singular com eles.

Referências:

1. Disponível em https://brasilescola.uol.com.br/datas-comemorativas/dia-livro-valorizar-preciso.htm

2. PENNAC, Daniel, tradução de Leny Werneck. Como um romance. Rio de Janeiro: Rocco, 1993

HA/CHC