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Dia da Consciência Negra
Notícia publicada por DECCO-SEDIF em 18/11/2020 18:31

O Dia da Consciência Negra evoca a data da morte de Zumbi dos Palmares ocorrida em 20 de novembro de 1695. Símbolo da resistência negra, sua luta ainda faz sentido em um mundo estruturalmente racista, onde a vida do negro é desvalorizada em suas múltiplas dimensões, seja na saúde, na violência doméstica, na educação, no trabalho, na segurança pública, entre outros.

 

Importante refletirmos sobre o significado da expressão consciência negra. Termo cunhado no final da década de 60 por um grupo de estudantes sul africanos que lutavam contra a política do apartheid, política segregacionista praticada na África do Sul naquela época. Bantu Steve Biko, um dos líderes protagonistas do movimento, trabalhou intensamente na difusão desse conceito. Para ele, a Consciência Negra1:

 

“Procura provar que é mentira considerar o negro uma aberração do “normal”, que é ser branco. É a manifestação de uma nova percepção de que, ao procurar fugir de si mesmos e imitar o branco, os negros estão insultando a inteligência de quem os criou negros.”

 

Se o parâmetro for o homem branco, ao negro se torna impossível alcançar o modelo a ser reproduzido, pois, sendo diferente do branco, também sua referência deveria ser distinta. Oliveira (2020)2 nos lembra que, como o mundo foi moldado por brancos, ocorreu uma normalização da branquitude, fazendo-nos esquecer que isso não é natural, foi simplesmente construído historicamente. Daí a relevância de se ter consciência da identidade negra. Afinal, como seres humanos necessitamos:

 

“[...] saber quem somos, como somos, de onde viemos, para onde vamos e a que grupo pertencemos. As identidades oferecem sentimento de pertença, são elemento regulador de nossos comportamentos “na medida em que motivações, sentimentos, valores, conceitos e atitudes devem se expressar em atuações congruentes” com nossas identidades.”3

 

É de fundamental importância trazer visibilidade à identidade negra e, para tal, é necessário conhecer, debater, trazer à tona as questões que tanto afligem a nossa sociedade. Seguindo nessa direção, a Escola da Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (EMERJ) criou o Fórum Permanente de Direito e Relações Raciais e seu evento de inauguração, que acontecerá no próximo dia 19 de novembro, e será por meio do webinário “Representatividade: uma questão de justiça”.

Acesse Fórum Permanente de Direito e Relações Raciais

 

Referências:

1. OLIVEIRA, G.; “Escrevo o que eu quero”, por George Oliveira. Revista CorreioNagô. Disponível em https://correionago.com.br/portal/escrevo-o-que-eu-quero-por-george-oliveira/.

2. OLIVEIRAO, B.R.; O medo dos brancos em falar da branquitude. Le Monde Diplomatique Brasil, julho de 2020. Disponível em https://diplomatique.org.br/o-medo-dos-brancos-em-falar-da-branquitude/

3. SILVA, F.C.O. da; A construção social de identidades étnico-raciais: uma análise discursiva do racismo no Brasil. Universidade de Brasílica, Instituto de Letras. Disponível em https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/4180/1/2009_FranciascaCordeliaOliveiradaSilva.pdf.

 

HA/CHC

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