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Proclamação da República: qual o caminho percorrido até o 15 de novembro de 1889?
Notícia publicada por DECCO-SEDIF em 12/11/2021 15:06

A república brasileira, que completará 132 anos no próximo dia 15 de novembro, muitas vezes teve sua proclamação vinculada à abolição da escravatura, considerada um dos principais fatos geradores da ruptura com a monarquia. Entretanto, para a historiadora Emília Viotti da Costa1, em seu livro dedicado ao tema, Da Monarquia à República: momentos decisivos2, afirma ser esse um dos acontecimentos sobrevalorizados quando nos referimos ao que provocou a proclamação da República. A autora observa que esses fatos são sintomas de uma realidade que se impunha naquele momento:

A Abolição não é propriamente causa da República, melhor seria dizer que ambas, Abolição e República, são sintomas de uma mesma realidade; ambas são repercussões, no nível institucional, de mudanças ocorridas na estrutura econômica do país que provocaram a destruição dos esquemas tradicionais. ”2

Viotti ainda promove os seguintes questionamentos, entre outros, para reflexão:

Por que só em 1889 proclamava-se a República? Por que só então as ideias republicanas existentes há mais de um século conseguiam se concretizar? Quais as transformações que se operam na sociedade propiciando a mudança do regime? Quais os grupos sociais que serviram de base à Monarquia? 2

São perguntas que nos provocam a refletir sobre o caminho percorrido pela sociedade brasileira até chegar ao rompimento com o sistema institucional vigente na época. No período de Dom Pedro II as mudanças foram muitas e profundas, tanto na economia quanto na sociedade brasileira, tais como: o sistema de transporte (ampliação da malha ferroviária e barcos a vapor), sistema de produção (modernização do fabrico de açúcar), ampliação de organismos de acesso a crédito, surgimento de um mercado interno, início do capitalismo industrial, etc.

Consequentemente surgiram novos interesses e, com eles, os representantes que os defendiam: por exemplo, os empresários industriais, os comerciantes, os profissionais liberais, a administração pública, os bancos e os transportes. A autora também destaca que os grupos tradicionais sofriam as consequências das mudanças, sendo que as significativas diferenças entre eles suscitaram desacordos capazes de abalar as bases sociais que apoiavam a Monarquia.

Dessa forma, segundo Viotti, o caminho percorrido até a república foi longo, tendo sido resultado do entrelaçamento de uma rede de acontecimentos e consequências que foram capazes de modificar a história.

Referências:

  1. BRASIL. Luto na Academia: morre, aos 89 anos, a historiadora Emília Viotti da Costa. Revista Consultor Jurídico, 3 de novembro de 2017. Disponível em ConJur - Morre, aos 89 anos, a historiadora Emília Viotti da Costa.
  2. COSTA, Emília Viotti da. Da monarquia à república: momentos decisivos. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999. – (Biblioteca básica). 6ªEdição.

HA/CHC

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