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TJRJ formaliza convênio com Instituto Pretos Novos, responsável por sítio arqueológico que investiga enterros de milhares de escravizados
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 21/11/2022 19:31

Entrou em vigor nesta segunda-feira (21/11) o Acordo de Cooperação entre a Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas da Comarca da Capital (Vepema) e o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, localizado na Zona Portuária.  Através da parceria, a vara poderá encaminhar à instituição beneficiários de penas de prestação de serviços à comunidade para que eles colaborem em tarefas definidas pela equipe técnica do instituto. 

A ideia do convênio surgiu no mês passado durante visita do presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, à instituição. “A ideia é criar um caminho novo para as pessoas e auxiliar o Instituto Pretos Novos. É impossível ficar insensível ao que vimos aqui. É um capítulo triste da nossa história. Quem tem coração se sensibiliza com o que vimos hoje”, destacou o desembargador na ocasião. 

E há muito a ser visto. O IPN conta com exposições permanentes, temporárias e com o programa educativo dedicado a estudantes das redes pública e particular de ensino. O trabalho arqueológico do Instituto revela que mais de 40 mil escravizados recém-chegados ao Rio foram enterrados das formas mais desumanas, na via cujo nome antigo selava o destino de muitos: Rua do Cemitério (hoje, Rua Pedro Ernesto). Corpos foram torcidos, retorcidos, queimados, despedaçados e pulverizados pela ação da queima, jogados e amontoados.  
Eram tempos em que a diáspora africana se encerrava com o assassinato de vidas escravizadas, com seus restos mortais deixados à flor da terra em um enorme terreno baldio, que depois foi aterrado. Sobre ele, casas foram construídas ao longo do tempo.  

Foi numa dessas casas, dois séculos depois, que Merced Guimarães e o marido encontraram pelo menos 28 ossadas ao reformarem o próprio imóvel, em 1996. Ao lado, o Instituto Pretos Novos foi erguido, iniciando um trabalho museológico e arqueológico, em 2005. Hoje coordenadora do IPN, Merced comemorou a parceria com o TJRJ. 

“É uma maravilha. Essas pessoas poderão nos ajudar e desempenhar diferentes papeis. Podem atuar como monitores, auxiliando nos trabalhos educativos do Instituto”, afirmou. 

Principal porto de entrada de africanos escravizados no Brasil e nas Américas, o Cais do Valongo, passou a integrar Lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), em 1º de março de 2017. 

Participaram da visita ao IPN em outubro o juiz auxiliar da 2ª Vice-Presidência do TJRJ, Marcelo Oliveira e o procurador de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Henrique da Cruz Vianna. 


FB/FS