Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro
Caso Henry: em interrogatório, Jairinho fica em silêncio e Monique se emociona e relata agressões a ela pelo ex-vereador
Monique Medeiros durante interrogatório na 2ª Vara Criminal da Capital
Foram realizados nesta quarta-feira (9/2), pela juíza Elizabeth Machado Louro, da 2ª Vara Criminal da Capital, os interrogatórios de Monique Medeiros e Jairo Souza dos Santos Júnior, o Dr. Jairinho, acusados da morte do menino Henry Borel. A audiência começou por volta de 11h com o interrogatório de Jairinho, que optou por permanecer em silêncio, direito previsto constitucionalmente. Ele afirmou não se sentir preparado ainda para falar e disse que aguarda o acesso a documentos, como exames, imagens do hospital e do Instituto Médico Legal (IML) e folhas de prontuário, para que venha a se manifestar posteriormente. A defesa de Jairinho solicitou que não fossem feitas imagens do réu durante seu depoimento.
Em seguida, emocionada, Monique Medeiros, mãe de Henry, fez uma retrospectiva detalhada da sua vida, contando fatos, de modo cronológico, da sua criação em Bangu, suas atividades profissionais até seu relacionamento com Jairinho, passando pelo seu casamento com Leniel Borel, pai de seu filho, e pela crise vivida pelo ex-casal após o nascimento de Henry, acirrada na pandemia, quando vieram a se divorciar.
Em seu interrogatório, Monique afirmou que o seu filho era “dócil, amoroso, sorridente, feliz e especial, um anjo”. Ela também relatou agressões cometidas contra ela por Jairinho, citando episódios de violência física, verbal e psicológica.
Monique relembrou o episódio ocorrido em fevereiro de 2021, quando a babá relatou, por whatsapp, uma suposta agressão de Jairinho à criança. Ela disse que Thainá, a babá, inicialmente mandou mensagens avisando que Jairinho havia chegado mais cedo em casa e que estava no quarto com Henry. Às 17h42, Thainá conta para Monique que o menino estava se queixando de dores no joelho.
“Muitas pessoas me julgaram como se eu tivesse ficado quatro horas no salão após saber da possível agressão. Assim que eu soube da queixa do Henry, fui para casa, onde cheguei por volta de 18h”.
No dia seguinte, 13/2, Monique Medeiros disse que levou o filho ao hospital, onde após atendimento e Raio X, não foi constatada lesão. Ela disse ter acreditado que o menino havia escorregado e caído da cama.
No dia da morte de Henry, Monique disse que deixou o menino dormindo em seu quarto e seguiu para a sala, onde jantou e bebeu vinho com Jairinho. Após tomar remédios oferecidos pelo ex-vereador, deitou e dormiu no quarto de hóspedes. Por volta de 3h40 da manhã, ela afirmou ter sido acordada por Jairinho, que relatou que, após ouvir um barulho vindo do quarto, encontrou Henry caído no chão.
“Quando cheguei no quarto, o Henry estava deitado, descoberto, a boquinha aberta. Vi que tinha algo errado, as mãos e os pés dele estavam gelados. Carreguei meu filho nos braços para o hospital. Mas eu achava que ele estava vivo o tempo todo. Somente Deus, Henry e Jairinho sabem o que aconteceu naquela noite. Infelizmente meu filho não está mais aqui para contar”.
Monique também afirmou ter recebido diversas ameaças de morte de detentas e de uma advogada, ligada à família de Jairinho.
Após requerimento da defesa do réu Jairo Souza dos Santos Júnior, a juíza marcou o reinterrogatório dele para o dia 16 de março de 2022.
Processo nº 0066541-75.2021.8.19.0001
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SP/ MG/MB
Créditos: Brunno Dantas/TJRJ