Fim de 2020 e 2021 chegando, momento de cantar:
“Adeus, ano velho! Feliz ano novo! Que tudo se realize / No ano que vai nascer! / Muito dinheiro no bolso / Saúde pra dar e vender!”
Nunca foram tão verdadeiros e representativos de nossos anseios os versos de David Nasser e Francisco Alves. O ano de 2020 expôs de forma ostensiva muitas de nossas vulnerabilidades e forças, exteriorizando nossa condição de humanidade.
Émile Durkheim, considerado um dos pais da Sociologia, no século XIX já chamava atenção para a interdependência da sociedade moderna. Por meio do seu conceito de solidariedade orgânica (significado distinto do que conhecemos como solidariedade no sentido de ajuda, apoio ao outro), o sociólogo expressou que, assim como um organismo vivo é submetido ao bom exercício de suas diferentes funções, havíamo-nos tornado extremamente vinculados e, consequentemente, dependentes uns dos outros. Naquela época sua reflexão baseava-se em como a revolução industrial havia compartimentado a forma de se trabalhar, a chamada “divisão social do trabalho”, porém podemos estender suas ideias para o momento pelo qual estamos passando.
Ficou evidente em como o que acontece em uma parte de nossa sociedade impacta a vida de todos, seja de modo macro ou microscópico. E assim foi, desde o surgimento do coronavírus na Ásia, seu espalhamento na Europa, com a consequente chegada ao Brasil durante o período de grande fluxo de pessoas entre países, até o comportamento de cada cidadão, como um parente assintomático visitando uma idosa e tendo como resultado sua internação em um Centro de Tratamento Intensivo, pois, independentemente de nossas próprias intenções e do papel social que exercemos, influenciamos, de forma direta ou indireta, a vida do outro.
Apesar dos desafios com que nos defrontamos, ao ver nossa conectividade nos saltar aos olhos, precisamos trazer à tona a força que essa característica também nos traz. Realizamos grandes conquistas devido à nossa capacidade de trabalhar em rede, pois por meio de conexões implantamos soluções em tempo recorde nas mais diversas áreas, perpassando por setores essenciais à nossa vida, como a saúde e a justiça e alcançando até os negócios.
No âmbito do Poder Judiciário, o TJRJ apresentou respostas efetivas à nova situação que surgia, adaptando-se ao trabalho remoto ou implantando regras sanitárias nos locais nos quais isso não foi possível, conseguindo produzir, ao longo do Regime Diferenciado de Atendimento de Urgência (RDAU), no período compreendido entre 16 de março e 6 de dezembro, mais de 64 milhões de movimentações.
Para além do supracitado, o TJRJ, atento à intensificação de conflitos já presentes antes da pandemia, tais como o aumento da violência contra a mulher e a dificuldade de acesso à saúde, implantou várias medidas para minimizar seus impactos junto à sociedade. Seguindo nessa direção, também foram publicadas dez edições do “Boletim Especial Covid-19” dedicado exclusivamente à seleção e organização de notícias, súmulas e jurisprudência relativas à pandemia, divulgadas pelo TJRJ, demais Tribunais Estaduais e dos Tribunais Superiores.
Apesar de tudo que passamos, em 2020 fomos capazes de aprender muito e demonstrar nossa capacidade de adaptação e superação. Iniciamos 2021 mais fortes que em 2020.
HNA/CHC