Neste mês de novembro de 2022, mais uma vez, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro apoia a campanha Novembro Azul, cujo objetivo é combater o câncer de próstata. No Brasil, no que diz respeito à incidência de câncer entre os homens, o de próstata só perde para os tumores de pele, e, quando se fala em câncer, a detecção precoce é fundamental para a cura; portanto, um mês dedicado ao tema é crucial na luta contra a doença.

É importante ressaltar que, quando a questão é saúde, os homens não prestam tanta atenção ao assunto quanto as mulheres, fato constatado pelos números das Unidades de Saúde Básica, segundo os quais o público feminino é usuário predominante^{1, 2}. São várias e imbricadas as causas pelas quais isso ocorre, sendo uma delas a construção da identidade masculina³.

Ainda hoje persiste, mesmo não sendo mais tão relevante como em um passado próximo, um “ideal de homem” que precisa demonstrar ser viril, forte, invulnerável e provedor. Uma cilada que nos atinge como sociedade, mesmo que de forma invisível. Ao nutrirmos expectativas de que as mulheres apresentem mais hábitos de cuidado e prevenção, incentivamos essa associação entre homem e invulnerabilidade.

A título de exemplo do que se pensa comumente, podemos citar as falas de indivíduos pesquisados sobre o tema: “o que mais impede ele (o homem) de se cuidar é que ele acha sempre que ele é um super-herói” (Marcelo); “por conta dessa fortaleza parece que o homem tem uma certa invulnerabilidade” (Marcos)³.

Outro ponto a ser considerado é a adoção da perspectiva de gênero nas unidades de saúde, de modo a tornar os espaços mais voltados a atender as necessidades masculinas, por meio de estratégias que aproximem os homens desses espaços, tais como programas de saúde integral dirigidos a esse público, focando em assuntos que chamem sua atenção¹.

A campanha Novembro Azul segue nessa direção, buscando falar com o homem sobre um tema fundamental para a sua saúde, a prevenção contra o câncer de próstata.

Afinal, “quem procura acha”, nesse caso, a cura de uma doença que quando diagnosticada precocemente alcança 90% de cura.

HA/WL

Referências:

1. FIGUEIREDO, W. Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária. Ciência & Saúde Coletiva, 10(1):105-109, 2005
2. XIMENES NETO, F.R.G; ROCHA, A.E.F.; LINHARES, M.S.C.; et al. “Trabalho do enfermeiro na atenção à saúde do homem no território da estratégia saúde da família”. Revista Eletrônica Gestão & Saúde, Vol. 04, Nº. 01, Ano 2013 pp. 1461-1476.
3. GOMES, R.; NASCIMENTO, E. F. do et al. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 23(3):565-574, mar, 2007. Disponível em https://www.scielo.br/j/csp/a/rQC6QzHKh9RCH5C7zLWNMvJ/abstract/?lang=pt