Projeto UNIDUNITÊ promove palestra em escola sobre os 29 anos do ECA
- Para onde vão as crianças depois que fazem 18 anos?
- Se um juiz quiser adotar, ele pode julgar a própria causa?
- Como fica o seu psicológico depois de julgar?
Essas e outras perguntas foram feitas pelos alunos da Escola Municipal Tiradentes à juíza titular da 2ª Vara da Infância, Juventude e do Idoso, Glória Heloíza Lima da Silva (ao centro), na roda de conversa promovida pelo projeto UNIDUNITÊ - Justiça com Você, do Departamento de Ações Pró-Sustentabilidade (Deape) do Tribunal de Justiça do Rio, na sexta-feira (12/7).
Em comemoração aos 29 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o projeto convidou a juíza Glória Heloíza para conversar com uma turma de 28 alunos 5º ano sobre os seus direitos e deveres. O UNIDUNITÊ tem como principal objetivo disseminar o conhecimento e aproximar as crianças do Poder Judiciário através das escolas.
Lei e proteção
Criado em julho de 1990 (Lei 8.069/90), o ECA representa um marco jurídico que instaurou a proteção integral e uma carta de direitos fundamentais à infância e à juventude. Ele considera criança a pessoa até 12 anos de idade incompletos e adolescente aquela entre 12 e 18 anos.
A magistrada iniciou a conversa fazendo uma alusão da história do herói nacional que deu nome à escola. Ela citou que Tiradentes lutou contra a exploração do povo brasileiro, assim como hoje, a Justiça luta para manter a integridade e a segurança da população, e especialmente, da população infantil.
E as informações da juíza despertaram a curiosidade dos pequenos, especialmente sobre os aspectos da Constituição e tudo que envolve os direitos básicos das crianças. Entre os assuntos abordados, como família, trabalho infantil, violência doméstica, medidas socioeducativas, por exemplo, o que chamou a atenção dos pequenos estudiosos foi o papo sobre adoção.
- Alguma criança já quis ficar com o juiz? Ela pode?
Entre risadas, a juíza explicou que apesar do juiz ter a fama de super-herói, ele também se submete à lei, e neste caso, outro juiz julgaria sua causa.
Outra pergunta que chamou a atenção de quem estava no bate-papo foi a do pequeno Henrique, 10 anos:
- Como fica o seu psicológico depois de julgar?
Já Vitória, surpreendeu:
- Se a criança não quiser ficar nem com o pai e nem com a mãe, ela pode escolher com quem ficar?
- São perguntas de vida. É um desafio. Temos de lidar com questões diárias que podem surgir e para as quais nós não nos preparamos antes. A gente tem que parar, pensar e resolver aquela questão sem deixar a peteca cair. É motivador – comentou a magistrada.
A professora Roberta Pires Correia ressaltou a importância de abrir os horizontes dos alunos. Para a educadora, a melhor maneira de construir uma sociedade forte é através da informação.
- Nós já temos a prática de fazer rodas de conversas e trazer palestras com assuntos atuais, como feminicídio. Eles perguntam tudo, gostam de participar, são ativos no processo de aprendizagem. E eu me coloco no papel de mediadora.
As palestras do projeto UNIDUNITÊ incentivam os alunos a terem voz e sinalizam que as escolas são pontos de referência e proteção. De acordo com a coordenação do projeto, já ocorreram casos de crianças denunciarem maus-tratos, abusos e até exploração sexual após palestras.
A juíza convocou os alunos da turma a serem Cavalheiros da Justiça, dando-lhes a incumbência de serem porta-voz das informações que receberam aos outros colegas. Ao final, pediu que todos fizessem uma redação contando sobre o que aprenderam.
Erike, de 11 anos, foi claro sobre o que pretende escrever:
- O mais importante na palestra é que agora sabemos que tem alguém que protege a gente: é o juiz. Quero ser igual.
JO/FS