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Justiça Itinerante atende vítimas de deslizamento em Niterói
Notícia publicada por Assessoria de Imprensa em 13/11/2018 16:00

Áurea da Silva passou a tarde de sexta-feira, dia 9, ansiosa. Era o último capítulo da novela e ela não podia perder. Ficou em casa, em Niterói, assistindo com o neto Pedro, de 14 anos. Ela afirma que sempre acorda cedo, mas, no sábado, levantou um pouco mais tarde, por volta das 10 horas da manhã, já que ficou assistindo à televisão até tarde, e então foi fazer suas atividades matinais corriqueiras.

Pouco depois, Áurea, já desconfiada das conversas e olhares de piedade que recebeu de vizinhos e amigos pela manhã, descobriu que sua única filha, Amanda, tinha sido uma das 15 vítimas do deslizamento na Comunidade Boa Esperança, em Piratininga, bairro de Niterói, na madrugada de sexta para sábado.

“Acordei com uma sensação estranha, mas segui a vida. Fiz minha oração de sempre, já que sempre peço saúde para a minha família. Mas não sabia que àquela hora eu já tinha perdido minha filha”, contou.

Amanda, de 30 anos, estudante de psicologia, estava com o namorado Alan na festa de aniversário do filho de uma amiga. Seu filho Pedro também tinha sido convidado, mas preferiu ficar em casa com a avó.

Nessa terça-feira, dia 13, a funcionária da prefeitura, ao lado de Pedro e de amigos, foi até o ônibus do Justiça Itinerante, do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ) para solicitar a tutela do neto. Recuperada de um princípio de infarto sofrido no enterro da filha, no último domingo, elogiou os serviços do Justiça Itinerante e exaltou o amparo de amigos.

“O atendimento foi muito rápido, feito por uma equipe muito boa e profissional. Se a gente não pode amenizar a dor emocional, pelo menos a parte burocrática já foi solucionada. Já estou saindo com a tutela definitiva do meu neto, sem precisar ter mais essa preocupação. Agora é fortalecer nossa família para enfrentar essa dor e a ausência da Amanda”, disse, com firmeza, antes de ceder às lágrimas.

Solidariedade

Por volta das 4 horas da manhã de sábado, Rakel Caetano, de 27 anos, acordou assustada. Seu primeiro impulso diante da violência do monte de lama que invadia sua casa foi proteger o filho, de 7 anos. Com seu corpo sobre o da criança, conseguiram sobreviver. Diante da escuridão e do cenário devastado, ela caminhou suja e desnorteada até a casa de amigos clamando por ajuda.

“Há alguns anos a gente vinha pedindo ajuda, já que aquela pedra que deslizou nos preocupava. Então, mesmo assustada, eu imaginei que poderia ser um deslizamento e fui atrás do meu filho”, lembrou.

 

Rakel tinha passado a noite de sexta-feira na mesma festa na qual estava Amanda. A comemoração era para o sobrinho de Rakel, Arthur, de 3 anos, que morreu na tragédia. Ela foi ao posto para emitir a segunda via dos seus documentos e os do filho. Ao deixar o ônibus, encontrou Pedro Tomaz.

Ainda com a saúde debilitada, ela estava com um colar cervical e vários hematomas e machucados, fez questão de parar, mesmo sob forte calor, para abraçar o adolescente. Numa demonstração de amor e carinho, Rakel disse a Pedro que a mãe dele estava, como sempre, muito feliz, e tinha falado do filho com orgulho na festa. Ao final, ela fez um pedido.

“Lembre sempre com muito amor dela. Ela era uma ótima pessoa e sei que você é um bom menino. Espero que você guarde apenas as boas lembranças dela”, disse.

Atendimento aos moradores do Boa Esperança

O Programa Justiça Itinerante faz um atendimento especial a moradores da Comunidade Boa Esperança nesta terça-feira, que prossegue nesta quarta-feira, dia 14, de 9 às 15 horas. O ônibus fica na entrada da comunidade, na Estrada Francisco da Cruz Nunes, 1004. A desembargadora Regina Passos e a juíza Ana Carolinne Licasalio, com uma equipe de servidores, ofereceu orientação jurídica em direito de família e cível, além de serviços de identificação, registro civil, certidão de óbito e processos de guarda.

O Justiça Itinerante, coordenado pela desembargadora Cristina Tereza Gaulia, é ligado à Divisão de Justiça Itinerante e Acesso à Justiça (DIJUI), e subordinado Diretoria-Geral de Apoio aos Órgãos Jurisdicionais (DGJUR).

 

JGP/PC

Fotos: Felipe Cavalcanti/TJRJ

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