Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro
Ônibus 350: julgamento de acusado deve terminar ainda hoje
Está previsto para terminar na noite de hoje (dia 31 de outubro), por volta das 23h, o julgamento de Alberto Maia da Silva, um dos acusados de ter ateado fogo no ônibus da linha 350 (Passeio-Irajá), da Viação Rubanil, em novembro de 2005. Os réus Anderson Gonçalves dos Santos, conhecido como "Lorde", acusado de comandar a ação, e Sheila Messias Nogueira, acusada de ter feito sinal para o coletivo parar, também seriam julgados nesta terça-feira, mas a defesa de ambos pediu o desmembramento do processo porque uma das testemunhas não compareceu. O destino de Alberto será decidido por quatro homens e três mulheres que compõem o corpo de jurados.
Segundo a única testemunha de acusação, um policial militar, os crimes foram cometidos por motivo de vingança da morte de "Ciborgue", que seria um dos braços direitos de Lorde. Para o PM, os autores da queima do ônibus são elementos perigosos. "Eles tiraram o motorista, assim, tiraram a possibilidade de a porta ser aberta", afirmou o policial.
Em seguida, foram ouvidas duas testemunhas de defesa, mulheres, que são moradoras na comunidade onde o fato ocorreu. Ambas afirmaram que não assistiram ao ocorrido e não estavam presentes na reunião em que teria sido organizada a ação. A primeira testemunha, Vera Lúcia Pimenta, disse que Alberto pertence e uma igreja evangélica e que, no dia dos crimes, o acusado teria socorrido seu irmão, que passou mal e foi levado por Alberto até o Hospital do Câncer (Inca), por volta das 20h30. A segunda testemunha afirmou que conhece Alberto "de vista" e que tem conhecimento de que ele participa de atividades sociais da igreja que freqüenta, com doação de alimentos, entre outras ações.
Para o promotor de justiça Riscala Abdenur, os crimes foram cometidos da forma mais bárbara possível. "Fizeram isto para que se tornasse um caso emblemático", disse. "Se são todos inocentes, por que não quiseram logo ser julgados para provar sua inocência", enfatizou, em relação ao adiamento do julgamento dos demais réus. Ele lembrou que não houve mais mortes porque o namorado de uma das vítimas conseguiu abrir a porta traseira do ônibus e que Alberto teria admitido que comprou a gasolina, mas defendeu-se dizendo que o fez porque fora obrigado.
O promotor rebateu o depoimento da testemunha de defesa Vera Lúcia Pimenta de que Alberto teria levado seu irmão ao Inca às 20h30, retornando às 22h30. De acordo com Abdenur, foi solicitado pelo MP um relatório do hospital, no qual consta que o paciente foi atendido às 22h40. Por isso, pedirá a prisão da moradora por falso testemunho. O advogado de defesa, Carlos Alberto Barbosa, pediu a presença do diretor do Inca para prestar informação sobre o atendimento do paciente. Ele ainda sustentará a tese da defesa por cerca de 2h.